Cinco meses depois
Eu jamais imaginei que uma ligação pudesse atravessar o corpo como um raio. O telefone tocou enquanto eu e Matt estávamos sentados no sofá, eu com as pernas esticadas sobre ele, sentindo os bebês se mexerem dentro de mim, como se treinassem pequenos saltos para o mundo.
Matt atendeu no segundo toque.
O rosto dele mudou instantaneamente.
— Oi… calma… eu tô te ouvindo… — a voz ficou mais baixa, mais firme, como se ele estivesse tentando segurar alguém que despencava por dentro.
Eu logo soube que aquele momento tinha chegado.
Quando ele desligou, ficou alguns segundos parado olhando para a tela escura do celular.
— É a Jenna — disse por fim. — Ela tá em trabalho de parto.
Me levantei com cuidado, instintivamente pousando a mão na barriga, como se meus próprios filhos dentro de mim também tivessem ouvido a notícia.
— Vamos — eu falei. — Eu vou com você. A Cori está com Helena, distraída.
A cidade parecia mais rápida naquela noite. O semáforo de