Lucile apareceu na minha porta com o olhar clássico de mãe recém-atualizada: exausta, meio fora de órbita e profundamente apaixonada por um ser humano de seis quilos que dormia dentro de um bebê-conforto como se o mundo inteiro fosse só um detalhe irrelevante. Benjamin tinha dois meses e parecia saber disso. Dormia com a boca levemente aberta, o punhozinho fechado, respirando no ritmo que dá vontade de sentar no chão e vigiar por horas só para confirmar que está tudo mesmo em ordem.
Lucile estava linda do jeito mais honesto possível: sem maquiagem, cabelo preso e aquela beleza crua de quem virou abrigo de alguém e ainda está aprendendo como carregar isso nos ombros.
Cori praticamente se jogou em cima dela num abraço afoito, ansiosa e cuidadosa ao mesmo tempo, como se quisesse esmagar Lucile e proteger o bebê em um só gesto. Ficou parada diante do bebê-conforto, estudando Benjamin com a seriedade de um cientista mirim diante de uma descoberta histórica.
— Ele não acorda nunca?