A viagem parecia interminável. O jatinho cortava as nuvens como se tivesse posse do céu, mas o tempo se arrastava para mim. Cada minuto perto de Russ era uma batalha silenciosa — não contra ele, mas contra mim mesma. Ele parecia se divertir com isso. Seus olhares, as provocações disfarçadas em frases banais, os roçarem sutis quando se inclinava para falar mais perto do que precisava. Eu, como sempre, tentava ignorar. Mas ignorar Russ era como tentar fingir que o fogo não se espalha.
Ele estava de pernas cruzadas, a mão apoiada no queixo, analisando algum ponto no horizonte.
— Quais são seus planos em relação à faculdade? — perguntou de repente, quebrando o silêncio.
Pisquei, surpresa pela mudança brusca de assunto.
— Planos? Só quero me formar e ser uma boa médica.
Ele me olhou de lado, atento.
— E pretende se especializar em quê?
— Ainda estou decidindo. — fechei os braços em volta do meu corpo, quase como se quisesse criar uma barreira entre nós. — A preparação para