Russ não me olhava. Seus olhos estavam fixos na estrada, os dedos firmes no volante, a mandíbula travada. Eu sabia que tinha passado do limite, mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar o nó de contradições que ele causava dentro de mim. Eu não queria... mas queria. Eu detestava a forma como ele mexia comigo, mas odiava ainda mais admitir que não conseguia simplesmente cortar os fios que me prendiam a ele.
— Russ... — tentei quebrar o silêncio, mas minha voz saiu baixa, quase um pedido.
Ele não respondeu. Apenas acelerou um pouco mais, como se a pressa fosse a melhor maneira de escapar de mim.
— Não quis dizer daquele jeito — acrescentei, mexendo nervosamente nos dedos.
Ainda nada. O único som era o da chuva começando a bater contra o para-brisa. Pequenas gotas que logo viraram linhas borradas sob o movimento dos limpadores.
— Russ... — insisti, virando o rosto para ele. — Eu só... não sei o que você espera de mim.
Dessa vez, ele respirou fundo, um suspiro carregado de