O sábado amanheceu barulhento na casa de Rafael. Mas não barulhento tipo trânsito engarrafado ou obra na vizinhança. Era um barulho de alegria ensurdecedor: Bruce corria de um lado pro outro, como se tivesse tomado cinco cafés expresso; Conde de Meow atacava a cortina como se ela tivesse insultado a honra felina dele; e Valentina... bem, Valentina cantava Single Ladies da Beyoncé com a afinação de um pato gripado.
Rafael apareceu na porta da cozinha, o cabelo espetado, a camiseta torta, com uma meia de cada cor e cara de quem lutou contra três despertadores e perdeu.
— O que tá acontecendo aqui? — perguntou, tentando não tropeçar em Bruce, que agora latia freneticamente para um pedaço de panqueca voadora.
— Operação “Dia Perfeito”! — ela anunciou, girando a frigideira no ar como se fosse a Ana Maria Braga em um episódio de acrobacias culinárias.
Metade da massa foi parar no teto. A outra metade caiu direto no chão.
Bruce, o funcionário do mês, limpou tudo antes que Rafael pudesse prot