Giovanni
Acordei com um soluço. Não o meu, o que seria compreensível após tudo que vivi nos últimos dias. Era outro. Alto. Rasgado. Desesperado.
No começo, achei que fosse algum alarme médico — um daqueles bips agudos que fazem o coração parar no susto. Imaginei o monitor cardíaco enlouquecendo, algum enfermeiro invadindo o quarto para me salvar de um colapso pós-cirúrgico. Mas nada disso aconteceu. Não havia equipe médica entrando em frenesi, nem máquinas apitando em pânico.
Era só Aurora.
Aos prantos.
Sentada no tapete ao lado da cama, de pijama, cabelos emaranhados e expressão desolada, como se tivesse perdido o chão — ou talvez a sanidade.
— Eu não vou conseguir… — ela choramingava com a voz embargada, a testa colada aos joelhos. — Eu não sei como faz! Como é que limpa um bebê? E se eu esquecer ele dentro do berço? Meu Deus, Giovanni, e se ele engasgar com leite? Se parar de respirar? Eu nem sei o que fazer com um umbigo caindo!
O tom dela beirava o pânico absoluto. E eu… bom, eu