Aurora
A chuva caía em torrentes, batendo contra as janelas como um exército tentando invadir o quarto. O som era constante, pesado, abafando até mesmo a minha respiração. Encolhida debaixo do cobertor, eu tentava convencer a mim mesma de que estava tudo bem, que era apenas uma tempestade comum.
Mas cada trovão que rasgava o céu parecia querer me provar o contrário.
Segurei o travesseiro com força, abraçando-o contra o peito. Eu nunca fui fã de tempestades. Desde pequena, relâmpagos e trovões me deixavam inquieta, como se algo ruim estivesse sempre prestes a acontecer.
Um clarão iluminou o quarto por um segundo, revelando cada detalhe sombrio das paredes, antes de mergulhar tudo novamente em completa escuridão.
E então, veio o estalo.
Um estalo seco, assustador.
As luzes piscaram desesperadamente e se apagaram de vez.
Engoli em seco, sentindo meu coração saltar para a garganta.
— Ótimo — murmurei para mim mesma, minha voz tremendo.
Era como se o mundo inteiro tivesse sido engolido pel