A manhã nasceu lentamente sobre Montevino, como se o próprio sol tivesse receio de romper o silêncio que pairava sobre a colina. A luz dourada deslizou pelas videiras, tocando suavemente o orvalho que ainda repousava nas folhas, enquanto um vento leve movia a paisagem com a delicadeza de quem acaricia algo sagrado.
Era uma manhã diferente — não pesada, mas carregada de uma expectativa silenciosa, quase um pressentimento.
Na casa principal, Chiara acordou antes de todos.
Ela não sabia explicar, mas sentia algo pulsando no ar. Um chamado. Um convite. Uma memória que queria ser encontrada.
Agora, viúva recente, com os cabelos prateados que brilhavam ainda mais sob a luz da janela, ela se levantou com a mesma calma de quem conhece cada respiração da terra. Montevino tinha voltado a chamar por ela, como fizera tantas vezes ao longo da vida.
Chiara vestiu uma blusa de linho claro, amarrou os cabelos e passou um perfume suave que Isabella costumava usar.
Era como vestir uma bênção antiga.
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