A névoa daquela manhã parecia diferente — não mais a névoa carregada de despedidas e silêncios que envolveu Montevino nos meses anteriores, mas uma névoa suave, quase luminosa, como se o próprio vale respirasse aliviado depois de longas transições. O tempo caminhara adiante, como sempre faz, sem pedir permissão. Mas agora, ao contrário dos últimos anos, havia espaço para o novo florescer.
Matteo estava parado na sacada da antiga casa principal, observando as videiras despertarem sob o ouro pálido do início do dia. Ao longe, podia ver Chiara caminhando devagar — ainda firme, ainda elegante, mas agora num ritmo que aceitava, sem tristeza, a passagem do tempo. Ele sorriu. Havia algo inevitavelmente belo em perceber que sua mãe não precisava mais carregar tudo nos ombros.
A nova geração caminhava ao lado dela.
I. O VINHO DO AMANHÃ
Na adega renovada, era possível sentir o cheiro da madeira fresca misturado ao perfume antigo das barricas. Matteo vinha trabalhando com os filhos e sobrinhos em