O som vinha das colinas — suave, quase sagrado. Um violino tocava no alto do vinhedo, onde o vento dançava entre as folhas e levava consigo notas que pareciam feitas de luz.
Era Enzo di Montevino, bisneto de Victor e Isabella.
Músico por vocação, poeta por alma.
Desde criança, dizia que Montevino tinha sua própria canção. Que cada videira, cada gota de orvalho e cada pedra do velho casarão possuíam uma nota invisível — bastava escutar com o coração.
Naquela manhã, sentado sobre um muro de pedra, ele compunha.
O sol dourava os campos, e o som do violino ecoava como um chamado antigo.
Chiara, já mais idosa, observava da varanda. Havia orgulho e emoção em seu olhar.
— “Esse menino herdou o dom da alma”, murmurou. “O som que Victor buscou no silêncio da terra, ele encontrou no vento.”
O Herdeiro das Notas
Enzo cresceu ouvindo as histórias da família.
As viagens de Victor, o amor eterno de Isabella, a coragem de Matteo, a sensibilidade de Chiara.
Mas o que mais o inspirava era o silêncio e