O verão havia se instalado por completo na Toscana, tingindo o céu de dourado e espalhando o perfume das vinhas maduras por todos os vales. Em Montevino, os dias corriam com o ritmo calmo das colheitas, e à noite, o vento quente trazia ecos distantes das cidades próximas — risadas, música, e promessas que só a juventude ousa fazer.
Chiara, agora com os cabelos prateados e o olhar sereno, observava da varanda os bisnetos preparando-se para partir. Florença os esperava com o mesmo encanto que sempre seduzira os Montevino — aquela cidade que parecia feita de sonhos e memórias, onde o passado e o presente dançavam juntos sob as luzes das praças.
— Aproveitem cada instante — disse ela, sorrindo com ternura. — Florença sempre devolve algo a quem vai com o coração aberto.
Dentre eles, Luca Montevino, o mais velho dos bisnetos, carregava uma inquietude no olhar. Era herdeiro da sensibilidade dos antepassados — artista por natureza, com alma de poeta e mãos que pintavam emoções em vez de forma