O vento soprava com doçura sobre as colinas, trazendo o perfume das uvas secas e da madeira antiga. A noite em Montevino era calma, mas havia algo no ar — uma vibração suave, quase imperceptível, que fazia as velas tremeluzirem e os corações baterem um pouco mais devagar.
Chiara, agora com os cabelos grisalhos e o olhar sereno, caminhava pelos corredores da antiga casa principal. O inverno já se aproximava, e o silêncio parecia mais denso, como se as paredes estivessem cheias de lembranças prestes a despertar.
Ela segurava uma lanterna de ferro e, com passos leves, desceu a escada que levava à adega. Fazia semanas que não ia até lá — desde a última vindima. Algo dentro dela, no entanto, a chamava de volta.
Ao empurrar a porta, um cheiro de terra e vinho envelhecido a envolveu. A luz amarelada iluminou as fileiras de barris, as garrafas antigas, os rótulos com o nome “Ferrari di Montevino” escritos em letras gastas.
Ela tocou um dos barris e sentiu a madeira fria.
— “Oi, papai…” — murm