A dor latejava no meu rosto, na altura do lábio cortado, e o gosto metálico de sangue ainda insistia em me lembrar que tudo aquilo era real. Não era um pesadelo. Eu estava sentada dentro de um táxi, ao lado do homem que tinha destruído minha carreira, meu corpo, minha paz. Carlos Ricci. E ele tinha uma arma.
Do lado de fora, a cidade seguia seu ritmo indiferente. Turistas tiravam fotos, carros buzinavam, cafés se enchiam para o almoço. Mas dentro daquele táxi, o mundo era outro. Denso. Silencioso. Letal.
— Você acha que vai se safar disso? — perguntei, sem conseguir esconder o tremor na voz.
Ele soltou um riso curto, frio.
— Eu não acho nada, Adeline. Eu tenho certeza. A única coisa que você precisa fazer é se comportar.
— Por quê? Por que tudo isso?
— Porque você me tirou tudo. — ele respondeu, ainda olhando pela janela. — E agora, você vai me dar algo em troca. Vai pagar o que me deve.
Fechei os olhos. Precisava pensar. Meu celular? Inútil. Ele o tinha quebrado ainda no meu apartame