A luz que entrava pela janela do quarto da UTI era suave, dourada. Aquela tonalidade quase celestial do fim de tarde. A claridade invadia o cômodo em feixes retos, cortando o ar com um calor delicado que beijava a pele. O sol tocava minha pele pálida como se quisesse garantir que eu ainda estivesse ali.
Vivo.
Cada parte do meu corpo parecia distante. Um eco. A dor era controlada por remédios fortes demais para que eu sentisse qualquer coisa além de um incômodo insistente, mas a consciência... essa, estava nítida. E ela gritava o nome dela.
Adeline.
Abri os olhos devagar, como se o mundo fosse um filme pausado e alguém tivesse finalmente apertado o play. A primeira coisa que vi foi o teto. Branco, impecável. E em seguida, o vulto que se movia ao meu lado. Suave, doce, ansioso.
— Aston? — a voz dela. Baixa. Quase trêmula.
Virei o rosto com esforço. E ali estava ela. Cabelos bagunçados, rosto ainda marcado pelos últimos dias, mas linda. Tão linda. Os olhos marejados segurando as lágrimas