Capítulo 9

O sol já estava alto quando acordei, e um calor seco parecia ter se instalado no ar como um visitante insistente. Não era fácil dormir naquela cama improvisada, mas a sensação de estar viva, de ainda poder respirar, fazia cada instante valer a pena.

Abri o caderno na primeira página em branco e deixei os dedos deslizarem sobre o papel. Queria escrever algo que não soasse desesperado ou triste. Queria uma frase que fosse um lembrete — para mim mesma, primeiro — de que havia algo além da ruína.

Escrevi:

“Toda tempestade destrói, mas também revela. Revela o que a gente é quando sobra pouco.”

Guardei o caderno na mochila e fui até o galpão. June já estava lá, distribuindo as tarefas com seu jeito pragmático, mas gentil.

“Pronta para mais um dia de destralhar o caos?” ela perguntou, sorrindo.

“Pronta,” respondi, mesmo sabendo que o caos nunca acabaria de verdade.

Nos dias anteriores, eu tinha percebido que o trabalho físico ajudava a acalmar a mente. Carregar caixas, separar doações, lavar
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