O silêncio da manhã era quase um luxo naquele lugar. Acordei com a luz filtrando pelas janelas do ginásio e o som distante dos pássaros — um barulho tão simples que, por um instante, parecia longe de tudo que eu vinha vivendo.
Levantei devagar, o corpo ainda sentindo o peso da exaustão, mas com um leve impulso que eu não tinha há dias: vontade de olhar para frente.
No caminho até o galpão, pensei no quanto minha vida tinha mudado em poucas semanas. Antes, eu era Isabelle — professora de história. Passava os dias mergulhada em livros, mapas, eventos do passado, tentando despertar nos alunos o fascínio por tempos que já não existiam, tentando mostrar que, mesmo em ruínas, o que restava da história tinha sentido.
Hoje, aquela professora parecia uma sombra distante, mas ao mesmo tempo algo dentro de mim sussurrava que não podia deixar aquilo morrer.
June estava esperando com um sorriso cansado e um caderno antigo na mão.
“Encontrei isso no contêiner abandonado,” disse ela, entregando para