Se alguém me contasse, um ano atrás, que eu acordaria num lugar como esse, teria rido. Mas ali estava eu, com o rosto afundado no travesseiro, ouvindo o som da vida acontecendo lá fora: crianças correndo, galinhas ciscando, o cheiro doce de pão fresco escapando pela janela.
Levantei devagar. O sol entrava pelas cortinas cor de creme que June escolhera comigo. Na parede, o relógio antigo marcava pouco depois das seis. Vesti uma blusa clara e saí pela porta da frente, onde Callum me esperava sentado nos degraus.
— Bom dia — disse ele, estendendo uma caneca de café.
— Bom dia — respondi, sorrindo.
Sentei ao lado dele, com a caneca entre as mãos. Dava pra ver tudo dali: a casa da June com as janelas abertas, a horta cheia de pés de tomate maduros, o galinheiro improvisado que agora parecia parte da paisagem.
— Faz quanto tempo que você chegou aqui? — perguntei.
— Quase um ano — disse ele. — Mas parece uma vida inteira.
— Eu sinto o mesmo — falei.
Ele me olhou com aquele jeito tranquilo qu