Acordei antes do sol nascer. Por um instante, não soube onde estava. A claridade suave entrando pelas cortinas brancas, o silêncio absoluto… nada lembrava o contêiner apertado que fora meu quarto por tanto tempo.
Demorei uns segundos até perceber: aquela era minha casa. Meu lugar.
Me sentei na beira da cama, sentindo o coração bater devagar, como se também estivesse aprendendo a morar ali. O cheiro de madeira nova se misturava ao aroma doce da cesta de pães que Deborah deixara no dia anterior. Fiquei olhando o espaço à minha volta — tão simples, mas tão cheio de significado.
Levantei devagar. Os pés descalços no piso frio me deram uma alegria estranha. Abri a porta e respirei o ar fresco da manhã. O céu estava num tom de azul suave que só durava poucos minutos. Foi ali, parada no degrau, que entendi: eu não precisava mais ter medo de acordar.
Quando fui até o refeitório, June já estava lá, organizando caixotes com frutas e potes de geleia.
— Bom dia, dona de casa nova — disse ela, fin