Após um grave acidente de carro, Angélica Montenegro acorda sem lembranças de quem é — nem do passado que deixou para trás. Nos corredores frios do hospital, ela encontra calor nos olhos verdes do Dr. Willian Santander, um médico tão bonito quanto enigmático… e que parece conhecê-la melhor do que ela mesma. Entre exames e silêncios, nasce um sentimento proibido, arrebatador. Mas Willian guarda um segredo: Angélica era a melhor amiga de sua irmã… e o grande amor da juventude dele. O problema? Agora ele está prestes a se casar com outra mulher. Enquanto Angélica se entrega a uma paixão que parece nova, mas é antiga, fantasmas do passado ressurgem — inclusive Gabriel, um homem obsessivo que fará de tudo para tê-la. Em um jogo de memórias perdidas, verdades escondidas e desejos incontroláveis, ela precisará redescobrir quem é… e por quem vale a pena lutar. Porque às vezes, o coração se lembra daquilo que a mente esqueceu.
Leer másO sol já havia se posto quando Angélica se recostou na cabeceira da cama, olhando para o teto do quarto como se buscasse respostas escritas entre as frestas invisíveis. O casamento de Willian e Diana ainda ecoava como um trovão em sua mente. Mesmo dias depois, a imagem de Diana em um vestido branco e a expressão distante de Willian a atormentavam como um pesadelo recorrente.Ela precisava respirar. Precisava sair. A angústia era sufocante, e não fazia ideia de como suportar aquilo calada. Decidiu ligar para Sofia. A única pessoa em quem ainda podia confiar, apesar da constante sensação de que algo estava faltando entre elas.— Sofia? — disse, quando a ligação foi atendida.— Oi, Angel! — a voz da jovem soou animada. — Está tudo bem?— Não muito... você pode sair comigo? Um parque talvez. Preciso espairecer.— Claro, estou indo.Quarenta minutos depois, já estavam caminhando lado a lado no parque central da cidade. As árvores lançavam sombras longas sob a iluminação amarelada dos poste
após a ligação para Angelica, Willian e Diana se prepararam para partir rumo à fazenda que Diana alugou, por sinal ao pé do lago, isolada onde passariam a lua de mel, Angélica enfrentava o vazio da casa que diziam ser sua. Nada lhe parecia familiar, nada aquecia seu coração. As paredes ecoavam silêncio, e o cheiro dos lençóis não a abraçava. Ligou a televisão apenas para ter algum som ao seu redor. Até que mudou de canal... e viu a transmissão do casamento. Reconheceu Willian. A mulher ao lado dele estava linda, mas seu coração estremeceu.Ela não sabia por que aquilo doía tanto.Na fazenda, Diana se mostrava mais intensa do que nunca. Queria compensar o tempo perdido com paixão. Empurrou Willian contra a parede do quarto, rasgando a camisa branca dele e cobrindo-o de beijos famintos. Ele tentou corresponder, mas cada toque só aumentava sua culpa. Apesar disso, entregou-se — por desespero, por raiva, ou por tentar esquecer.Angélica, inquieta, decidiu caminhar até o lago nos fundos d
A manhã chegou com o peso de uma sentença. O céu, que durante toda a semana exibira tons dourados e ensolarados, amanheceu nublado, como se até o universo lamentasse o que estava prestes a acontecer. Willian vestia-se lentamente no apartamento de seus pais. O paletó cinza-escuro repousava sobre a cama ainda desfeita, e sua gravata permanecia esquecida em cima da cômoda. Estava no espelho, mas não se via. O reflexo o encarava com olhos distantes, opacos, vazios. Diana, por outro lado, rodopiava animada na casa da madrinha. O vestido branco rendado, de alças finas, moldava-se ao seu corpo magro. Seus cabelos estavam presos em um coque baixo, e seus olhos tinham brilho. Mas não era felicidade — era posse. Um olhar ansioso, desconfiado, vigiando cada segundo para garantir que tudo saísse como planejado. Ela sabia que Willian não a amava da forma que ele dizia. Mas bastava que ele dissesse “sim” em voz alta. Bastava oficializar. O casamento seria apenas no civil, com uma recepção peque
O silêncio era quase sufocante naquela manhã de domingo. Willian se despiu da camisa branca ainda amarrotada pela noite mal dormida, deixando-se afundar no sofá da sala. As lembranças da noite passada invadiam sua mente como uma tempestade que não dava trégua. O gosto da pele de Angélica, os gemidos sussurrados ao pé do ouvido, os olhos verdes dela cravados nos seus... Tudo o perseguia de maneira insana. Mas, ao mesmo tempo, uma sombra chamada Diana pairava sobre ele como um lembrete cruel de quem ele deveria ser. — Willian, precisamos conversar — a voz de Diana quebrou seus pensamentos como um raio cortando o céu nublado. Ele respirou fundo. Sabia que esse momento chegaria mais cedo ou mais tarde. — Estou ouvindo, Diana — respondeu, tentando manter a calma no tom de voz. Ela caminhou até ele com passos decididos, jogando sobre a mesa uma revista de noivas aberta na página onde marcara a data perfeita para o casamento deles. — Chega de adiarmos, Willian. Eu quero que marquemos a
O clima estava tenso. O ar, carregado de promessas não ditas, parecia envolvê-los como uma névoa que impedia qualquer um dos dois de escapar. Angélica olhou para Willian com os olhos brilhando, a respiração ofegante. Ela estava ali, diante dele, mais perto do que nunca, e o desejo entre eles já não podia ser mais ignorado. O desejo crescia em sua pele, os sentidos à flor da pele, e ao mesmo tempo, havia uma sensação de medo. Medo de se entregar, medo de se perder mais uma vez, de ir além do que já tinha ido. Mas naquele momento, ela sentia que, por mais que fosse assustador, a única coisa que ela queria era estar com ele. Willian não conseguiu mais resistir. A tensão entre eles estava insustentável. Ele se aproximou lentamente, como se fosse uma dança silenciosa, e tocou a pele dela com a ponta dos dedos. O contato foi suave, mas suficiente para fazer o coração de Angélica bater mais forte. Ela fechou os olhos, se permitindo ser tomada pela sensação. Ela sentiu a mão dele em seu ros
A primeira luz da manhã vazou pelas frestas da cortina, pousando suavemente sobre o rosto de Angélica. Seus olhos permaneceram fechados, mas um leve sorriso denunciava que, pela primeira vez em dias, ela havia dormido em paz. O corpo aquecido ao lado do de Willian, a respiração sincronizada, e o coração desacelerado pareciam sinalizar que, ainda que tudo estivesse confuso, algo dentro dela se sentia em casa. Willian já estava acordado, observando-a em silêncio. Havia algo sagrado naquele momento. Os fios dourados do cabelo dela espalhados pelo travesseiro, os lábios levemente entreabertos, o jeito como seu corpo se encaixava no dele... Era como se tudo ao redor tivesse deixado de existir. Sentia vontade de tocá-la, beijá-la, confessar tudo. Mas não podia. Ainda não. Ela se mexeu suavemente e, ao abrir os olhos, encontrou os dele. — Está me olhando há muito tempo? — perguntou com voz rouca e sonolenta. — Há tempo suficiente para confirmar o que já sabia: você é linda. Ela corou e
Último capítulo