5. Sorrisos que ferem

A manhã chegou com um céu limpo e azul, contrastando com o turbilhão que dominava o peito de Angélica. Havia se passado dois dias desde que Willian saíra de sua casa, deixando para trás um silêncio que pesava mais do que qualquer lembrança perdida. Ele não ligara, não aparecera. Era como se o momento entre eles nunca tivesse existido. Mas ela se lembrava — da sensação, do calor, do quase.

Sentada na varanda, com uma xícara de chá nas mãos, Angélica tentava se distrair com um livro antigo encontrado no quarto. Mas nem as palavras impressas conseguiam vencer o eco da ausência. Seu coração batia em compasso quebrado desde o beijo interrompido.

Marta apareceu à porta.

— Recebi uma ligação da senhora Júlia, sua amiga de infância. Ela quer te levar para sair hoje à noite, com mais duas amigas. Disse que pode te ajudar a se distrair.

Angélica hesitou.

— Eu não me lembro delas.

— Mas talvez seja bom. Sair um pouco, rir, sentir que a vida continua.

Ela assentiu devagar. Talvez fosse isso que precisava: respirar longe das paredes daquela casa sem alma.

---

A noite caiu e Angélica se olhou no espelho do quarto. Usava um vestido justo, vinho, que realçava suas curvas e deixava os ombros à mostra. Os cabelos estavam soltos, levemente ondulados, e nos olhos havia uma sombra dourada que os fazia brilhar ainda mais. Marta sorriu ao vê-la.

— Está linda, senhorita. Vai fazer corações dispararem.

Angélica riu sem vontade.

— Eu só queria fazer o dele.

---

O bar era moderno, animado. Júlia, uma loira energética, não parava de rir e abraçar Angélica como se os anos nunca tivessem passado.

— Estou tão feliz que voltou! Você sempre foi a mais linda do grupo — disse ela, entregando-lhe uma taça de vinho.

Angélica sorriu, tentando se sentir parte daquilo.

— Obrigada por me convidar.

— O que você precisa agora é de diversão. Esquecer esse hospital, esse médico gato...

Angélica travou.

— Você sabe sobre Willian?

— Claro. Quem não sabe? Ele era o crush de metade da cidade antes de ficar sério com aquela... Diana.

Angélica desviou o olhar, desconfortável.

— Eu... nem sei o que sinto.

Júlia piscou para ela.

— Essa noite você vai lembrar que é desejada. Olha só quem tá vindo aí...

Um rapaz alto, moreno, de sorriso fácil se aproximava. Ele usava camisa preta dobrada nos cotovelos e tinha o tipo de olhar que sabia exatamente o que queria.

— Esse é o Davi — disse Júlia. — Ele vai dançar com você.

---

A música invadia o ambiente, ritmada, quente. Angélica e Davi dançavam próximos. Ele era gentil, fazia piadas, elogiava seu sorriso. E, por um instante, ela se deixou levar. Riu. Rodopiou. Sentiu-se viva.

Em um momento impulsivo, Davi a puxou pela cintura. Seus rostos se aproximaram. Angélica hesitou... mas então seus lábios se tocaram. Um beijo intenso, que a fez fechar os olhos e esquecer — por segundos — tudo o que a cercava.

Mas do outro lado do bar, um par de olhos verdes assistia à cena como se levasse um soco no estômago.

Willian.

---

Ele não sabia por que havia ido ali. Talvez porque ouvira Marta falando ao telefone. Talvez porque não conseguia tirar Angélica da cabeça. Estava com Diana naquela noite. Um jantar arranjado, sem graça. Dissera que precisava resolver um plantão e fugiu da mesa.

E agora, parado ali, vendo a mulher que invadira seus sonhos nos braços de outro, sentia-se traído. Mesmo sem ter direito algum sobre ela.

Diana apareceu ao seu lado, chamando seu nome, mas ele nem ouviu. Quando os olhos de Angélica se abriram e cruzaram os dele, o sorriso em seu rosto desapareceu.

Ela afastou-se imediatamente de Davi.

— Willian...

Ele virou as costas e saiu.

---

Horas depois, Angélica entrou em casa. Sozinha. O beijo com Davi já não significava nada. Ela subiu correndo as escadas e ligou para Willian. Ele atendeu no segundo toque.

— Por que foi lá?

Silêncio.

— Você estava com outro.

— Eu não te devo explicações, Willian!

— Mas eu me importo! — ele gritou do outro lado.

Ela sentiu o coração bater forte.

— Então venha me ver. Agora. Se realmente se importa.

Silêncio novamente... depois, ele desligou.

Ela ficou ali, olhando para o telefone. O peito apertado, a pele quente. Esperando. Sempre esperando por ele.

Nathan

não perca o próximo!

| 1
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App