7. Um teto, dois mundos
A primeira luz da manhã vazou pelas frestas da cortina, pousando suavemente sobre o rosto de Angélica. Seus olhos permaneceram fechados, mas um leve sorriso denunciava que, pela primeira vez em dias, ela havia dormido em paz. O corpo aquecido ao lado do de Willian, a respiração sincronizada, e o coração desacelerado pareciam sinalizar que, ainda que tudo estivesse confuso, algo dentro dela se sentia em casa.
Willian já estava acordado, observando-a em silêncio. Havia algo sagrado naquele momento. Os fios dourados do cabelo dela espalhados pelo travesseiro, os lábios levemente entreabertos, o jeito como seu corpo se encaixava no dele... Era como se tudo ao redor tivesse deixado de existir. Sentia vontade de tocá-la, beijá-la, confessar tudo. Mas não podia. Ainda não.
Ela se mexeu suavemente e, ao abrir os olhos, encontrou os dele.
— Está me olhando há muito tempo? — perguntou com voz rouca e sonolenta.
— Há tempo suficiente para confirmar o que já sabia: você é linda.
Ela corou e