O sábado amanheceu abafado, como se o ar carregasse o mesmo peso que latejava nos corpos de ambos. Isadora acordou cedo, sem dormir direito. Passara a noite revendo cada detalhe do convite inesperado — cada palavra dita por Lorenzo, cada nuance no olhar dele, cada silêncio cheio de promessas não ditas.
Quando ele chegou, exatamente às oito, ela já o esperava na calçada, com uma mala pequena e o coração disparado.
O caminho até a casa foi silencioso, sim, mas não tranquilo. Havia eletricidade nos olhares trocados, nos toques de cotovelo “sem querer” quando os braços se encontravam no apoio central. Ele a observava mais do que devia — e ela sentia cada centímetro da pele se arrepiando só com a presença dele.
A casa de campo era linda, sim. Moderna, rodeada de verde, com janelas enormes e uma paz absurda… Mas ninguém ali estava interessado em admirar a arquitetura.
Assim que entraram, ele largou as chaves sobre o aparador e a encarou. Os olhos de Lorenzo estavam escuros, intens