Na manhã de terça, Isadora chegou antes de todos. Precisava de silêncio. Precisava pensar. O escritório ainda cheirava a café requentado e papel recém-impresso quando ela acendeu a luz da sala de reuniões e abriu o notebook.
A proposta de reorganização estava pronta. Mas não era só isso. Ela queria mais. Não por vaidade, mas por instinto. Sentia que, se não mostrasse quem era agora, nunca mais teria outra chance.
Às nove em ponto, Lorenzo entrou. Sem paletó, mangas dobradas. A barba por fazer denunciava uma noite mal dormida. Ele a viu ali, sozinha, debruçada sobre gráficos e metas, e parou por um segundo.
— Está tentando mudar o mundo antes da reunião começar?
— Alguém tem que tentar — respondeu, sem levantar os olhos.
Ele sorriu, quase imperceptivelmente, e entrou na sala.
Os diretores chegaram em seguida. Gravatas ajustadas, expressões fechadas. A tensão era palpável. Isadora apresentou sua proposta com segurança. Encarou cada um nos olhos, sem vacilar.
Quando terminou, houve um si