Na segunda-feira seguinte, o calor da cidade parecia refletir exatamente o que Isadora sentia por dentro: pressão por todos os poros. Desde que assumira a coordenação interina da comunicação, os olhares sobre ela haviam mudado — nem todos para melhor.
Alguns colegas pareciam desconfortáveis. Outros, francamente hostis. Como se ela tivesse furado uma fila invisível.
— Então agora é você quem manda? — soltou Murilo, do marketing, com um meio sorriso que escondia uma ponta de veneno.
— Por enquanto só tento organizar o caos — respondeu, mantendo o tom leve, mas com o estômago em nó.
Apesar das farpas, ela seguiu firme. Durante o dia, analisou relatórios, estudou processos, revisou contratos antigos e preparou uma proposta de reorganização que pudesse agradar à diretoria... e sobreviver ao crivo de Lorenzo.
Ele estava mais exigente que o normal. Quase cortante.
— Isso aqui não está claro, refaça.
— Sua linha de raciocínio está dispersa. Foque.
— Quero algo mais ousado. Padrão não