A quinta-feira arrastava-se como um relógio preguiçoso. O expediente parecia interminável, e Isadora, depois de um dia inteiro mergulhada em planilhas e alinhamentos com a equipe de comunicação, só pensava em chegar em casa, jogar os sapatos num canto e esquecer o mundo por algumas horas.
Estava se preparando para sair quando o alerta do e-mail soou. Um novo assunto, sem rodeios:
> "Sala de reunião 3. Agora. — L."
Ela suspirou, encarando a tela como quem encara um chamado para o inevitável. Lorenzo não costumava enviar e-mails para ela com tanta objetividade fora do padrão — geralmente preferia delegar por meio de agendas ou reuniões. Aquilo era pessoal. Intencional.
Ajeitou a saia, passou o batom com um toque leve, como quem esconde insegurança atrás de elegância, e seguiu até a sala. O corredor estava quase vazio. O silêncio do fim do expediente dava ao ambiente um ar cúmplice, quase conspiratório.
Ao abrir a porta, encontrou Lorenzo de costas, observando a tela de um notebook sobre