O salão do restaurante exalava sofisticação. Luzes âmbar dançavam nas taças de cristal, arranjos florais discretos perfumavam o ar, e os garçons se moviam como sombras coreografadas. Isadora chegou alguns minutos antes do horário — um feito raro. Mas naquela noite, ela também não era a de sempre.
Vestia um longo preto de alças finas, costas nuas e fenda precisa. O coque baixo revelava a nuca e sustentava o ar de elegância contida. Por fora, firmeza. Por dentro, uma tempestade. Ela não era daquele mundo — mas aprendera rápido que, às vezes, basta observar antes de atacar.
Lorenzo chegou logo depois, ladeado por executivos que mais pareciam predadores em pele de linho. Seu terno escuro era impecável, o olhar — afiado. Quando a viu, parou por um milésimo a mais. Não havia desejo explícito em seus olhos. Havia cálculo. E um traço de algo que a surpreendeu: quase ternura.
— Boa noite, Srta. Mendes — disse, estendendo a mão.
Ela retribuiu com firmeza.
— Sr. Alcântara.
Durante o jantar, conv