O relógio marcava quase duas da manhã quando Enzo começou a falar. A mansão estava em silêncio, exceto pelo estalar suave da lareira ao fundo. Valentina sentou-se na poltrona em frente à mesa dele, como se estivesse prestes a ouvir uma sentença.
— Há quatro anos — começou Enzo, sem rodeios —, eu firmei um acordo com alguém que deveria ser meu inimigo: Salvatore Giaccone.
Valentina arregalou levemente os olhos.
— O mesmo com quem você fechou o novo acordo de território?
— Sim. Mas naquela época, foi diferente. Era uma aliança informal, sem registros. Ele precisava de rotas de transporte; eu precisava de armas. Funcionou por um tempo... até ele começar a querer mais. Influência, postos dentro da minha estrutura, infiltrações disfarçadas de parcerias.
— E você permitiu?
— Com restrições. Mas isso criou fraturas dentro da minha própria organização. Alguns achavam que eu estava traindo os princípios dos Moretti. Outros viram nisso uma chance de subir.
Valentina entendeu na hora.
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