Sophie Williams sempre foi prisioneira de pais cruéis, que transformaram sua vida em um ciclo de abusos. Agora, obrigada a se casar com Mikhail Volkov, o impiedoso líder da máfia russa, ela acredita estar apenas trocando uma prisão por outra. Sem escolhas, ela aceita seu destino, enquanto Mikhail, pressionado pelo submundo, vê nesse casamento apenas um jogo de poder. A atração entre eles é inegável, mas cercada por desconfiança e ressentimento. Quando segredos são plantados entre os dois, a linha entre o desejo e a destruição se torna tênue. Sophie esconde uma verdade que pode mudar tudo, enquanto Mikhail caminha rumo a um destino traiçoeiro, sem imaginar que seu maior inimigo pode estar ao seu lado. Em meio a traições, emboscadas e uma guerra entre máfias, Sophie e Mikhail terão que decidir até onde estão dispostos a ir para proteger o que realmente importa. Mas quando o amor nasce entre o caos, será ele suficiente para salvá-los?
Ler maisOs olhares se cravam em mim no exato instante em que cruzo a porta da sala de reuniões da mansão. Sinto o peso de cada par de olhos como lâminas afiadas, deslizando sobre mim em silêncio. Examino cada rosto com atenção cirúrgica — buscando qualquer traço de inquietação, qualquer hesitação sutil, qualquer indício de traição. Alguém aqui tentou me derrubar. E eu vou descobrir quem.— Boa tarde, senhores. — Minha voz rompe o silêncio como aço contra mármore enquanto caminho em direção à cabeceira da mesa. Lá está Roman Volkov, meu pai. Seu rosto continua inexpressivo, blindado por uma neutralidade que aprendi a temer e admirar. Esse é o homem que ergueu impérios sem jamais deixar escapar uma emoção.— Sente-se, Mikhail. — Sua voz grave preenche o ambiente com a autoridade de décadas de poder. Ele aponta para a cadeira que um dia foi dele. — Hoje, você assume oficialmente o lugar que sempre foi seu. E também escolhe quem será seu Sovetnik.Assinto, sem pressa. Meus olhos percorrem novamen
Mikhail Volkov Mais uma manhã fria em Moscou, cheia de reuniões. Os problemas estavam acumulados na empresa: projetos de arquitetura exigindo refações, atrasando a entrega de edifícios, e investimentos que não deram o retorno esperado. Nada alarmante, mas perder dinheiro nunca é uma boa maneira de começar o dia. Isso é o que dá ser CEO da Vk Enterprises, a maior holding da Rússia. — Senhor Volkov... — A voz arrastada e melosa de Clarissa Whitmore me alcança antes de ela cruzar a porta. Entra equilibrando uma pasta e exibindo um sorriso ensaiado. O vestido social é apertado demais, o decote, exagerado. — Chegaram alguns contratos para o senhor assinar... — diz, colocando os papéis sobre a mesa com movimentos lentos, quase ensaiados. Levanto o olhar do notebook, ignorando o tom provocante. — E o senhor tem algumas visitas. — completa, com os olhos brilhando de expectativa. — Quem são? — pergunto, direto. Só tenho uma reunião com investidores antes das dez. — Os senhores Matteo G
Sophie Williams Volkova“Estranho” é a palavra que melhor define este momento. A família Volkov toma o café da manhã entre conversas leves e risos espontâneos. Alek atrai a atenção de todos — até mesmo a minha — ao falar sobre qualquer assunto, com aquele brilho inocente que só as crianças possuem. Eu me sinto deslocada, como se tivesse sido transportada para uma realidade paralela, uma em que famílias compartilham afeto em torno da mesa.As refeições na casa dos Williams sempre foram marcadas pelo silêncio sepulcral e pelo som ritmado dos talheres. Raramente James e Victoria trocavam palavras — e, quando o faziam, nunca eram dirigidas a mim, a menos que fosse para impor algo ou reclamar de minha postura. Não havia espaço para diálogo, tampouco para carinho.— Sophie, querida, você está muito calada. Está tudo bem? — A voz gentil de Irina rompe meus devaneios, e o olhar afetuoso que ela me lança me obriga a sorrir, mesmo que discretamente.— Estou bem. Só estou... admirando a interaçã
Quando abro os olhos novamente, percebo que adormeci com ela entre os braços. Os primeiros raios de sol atravessam a janela, iluminando o quarto — e o seu corpo. Suas mechas loiras cobrem o travesseiro... e o meu braço.Ela se remexe, e aproveito o movimento para me levantar rapidamente. Sei que não gostaria de me ver aqui — se sentiria exposta, vulnerável, ao perceber que presenciei um instante seu de fragilidade em meio a um pesadelo.Entro no banheiro, faço minha higiene e sigo até o closet. Quando retorno, ela já está acordada, sentada na cama. Seu olhar ainda sonolento encontra o meu, e seu rosto cora ao me ver apenas com uma toalha enrolada na cintura.— Bom dia — murmuro, atraindo seus olhos diretamente para os meus.— Bom dia, Mikhail — ela responde baixinho.— Vou me trocar e já desço, assim você fica à vontade — digo, entrando no closet, onde visto meu terno e aplico o perfume. — Pode se arrumar com calma. Vamos tomar café com a minha família. Seus pais já vão embora hoje.E
Mikhail VolkovDepois das fotos e do jantar, nos despedimos dos convidados e fomos para a minha mansão — que agora também é dela.Essa frase ainda soa estranha. Desconfortável.Não porque eu a rejeite, mas porque me sinto como se estivesse fazendo algo errado.Há uma delicadeza em Sophie que o meu mundo não conhece. E talvez por isso tudo pareça... instável.O silêncio entre nós é quase sólido — pesado, carregado de tensão.Ela entra na casa sem me olhar. Os passos são contidos, calculados. A respiração, presa no peito, como se ela lutasse para manter o controle. Como se estivesse com medo do que virá.Fecho a porta atrás de nós. A casa parece maior do que realmente é, e o som dos nossos passos ecoa pelos corredores.Sophie sobe lentamente os degraus da escada. Eu a sigo, em silêncio.Quando ela chega à suíte principal, hesita por um instante.Então empurra a porta e entra. Está escuro. Apenas a luz tênue da cidade invade o cômodo pelas janelas altas. Ela para no meio do quarto, indec
Sophie Williams Volkova Ele me encara como se tentasse decifrar o significado das minhas palavras. Seus olhos são intensos, quase desconfortáveis, como se algo dentro dele lutasse contra o que acabou de ouvir. Quando abre a boca para contestar, Roman se aproxima, e a música suave que preenchia o ambiente chega ao fim.— Posso ter a honra de dançar com minha nora? — pergunta ele, com um sorriso simpático.Assinto, retribuindo o gesto com leveza. Mikhail me observa por breves segundos antes de se afastar, caminhando em direção à mãe. Roman se aproxima e me conduz com gentileza ao centro do salão, guiando nossos passos numa dança calma e elegante.Durante aquele momento, permito-me mergulhar em pensamentos que até então tentei evitar.O que acontecerá depois disso? Terei que dormir com ele? Como será?Nunca tive qualquer tipo de intimidade com um homem. Meu primeiro beijo foi com ele — no dia do noivado.Respiro fundo, tentando afastar o aperto no peito.— Imagino que esteja sendo difíc
Mikhail VolkovÓdio. Tensão. Frustração. Vazio.Ódio por estar casando de novo. Na mesma igreja. No mesmo maldito altar onde jurei amor à única mulher que já amei.Tensão porque a maldita da minha noiva conseguiu ficar ainda mais linda vestida nessa porra de vestido cravejado de diamantes.Frustração por saber que, por mais que tudo pareça sob controle, eu não controlo porra nenhuma quando ela está por perto.E vazio… porque não importa o que digam, nada disso é real. Essa cerimônia é uma farsa. Eu sei disso. Ela sabe também.O padre fala. Sua voz soa abafada enquanto encaro o rosto de Sophie.Linda. Intocável. Fria como o gelo.Quase me desafia com o queixo erguido, como se dissesse: “Você não pode me quebrar.” Ninguém é inquebrável, e ela vai descobrir.A voz do padre ecoa outra vez:— Mikhail Volkov… você aceita Sophie Williams como sua legítima esposa? Promete honrá-la, respeitá-la e amá-la, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?A pergunta paira
Meu coração bate rápido demais, mas meu rosto permanece inalterado. Viktor me avisou:— Se demonstrar fragilidade lá dentro, senhorita, será vista como fraca. E quem parece fraco… vira alvo fácil.Então, finjo. Ergo o queixo, respiro fundo e visto minha máscara.Para quem vê de fora, talvez eu pareça uma noiva ansiosa por se casar com o amor da sua vida. Um engano perfeito.A verdade? Estou prestes a ser entregue a um homem que não conheço… por outro que me destruiu.Viktor sai primeiro e abre a porta para mim. Me encara por um segundo, como se reforçasse com o olhar tudo o que já disse.— Seja forte.Assinto com sutileza, forçando o corpo a obedecer. Desço do carro com a elegância que aprendi a dominar — não por vaidade, mas como armadura.James me espera a poucos passos, com o braço estendido. Um gesto vazio, quase cínico, vindo do mesmo homem que passou vinte e três anos me ignorando e quebrando cada parte de mim. Ele não diz nada. Apenas me espera.E eu vou.Porque nesse jogo, hes
Sophie WilliamsA semana foi uma loucura. Elena quase enlouqueceu — e me arrastou junto. Agora, ando de um lado para o outro no quarto, sentindo o coração bater fora do compasso, enquanto Irina e Victoria me observam. Estou surtando.— O vestido deu problema de novo! — exclamo, exasperada. Não que eu me importe de verdade com esse casamento. Eu nem queria me casar. Mas, inferno, a maldita roupa ainda não chegou! Já estou maquiada, o penteado está impecável… e a porcaria vestido simplesmente não aparece.— Calma, minha querida. Ainda é cedo, tudo vai dar certo. Venha, sente-se aqui. — Irina segura minhas mãos com suavidade, o olhar gentil. Um contraste gritante com Victoria, que tamborila os dedos no braço da poltrona, impaciente. Ela está furiosa porque Elena ainda não chegou com o vestido. Nada pode dar errado, eu tenho que agir como esperado.— É normal esse nervosismo, filhinha. Sente-se e tome um pouco de água. Se continuar andando assim, vai despentear esse cabelo maravilhoso. —