23. Azul Impenetrável
Mikhail Volkov
Ódio. Tensão. Frustração. Vazio.
Ódio por estar casando de novo. Na mesma igreja. No mesmo maldito altar onde jurei amor à única mulher que já amei.
Tensão porque a maldita da minha noiva conseguiu ficar ainda mais linda vestida nessa porra de vestido cravejado de diamantes.
Frustração por saber que, por mais que tudo pareça sob controle, eu não controlo porra nenhuma quando ela está por perto.
E vazio… porque não importa o que digam, nada disso é real. Essa cerimônia é uma farsa. Eu sei disso. Ela sabe também.
O padre fala. Sua voz soa abafada enquanto encaro o rosto de Sophie.
Linda. Intocável. Fria como o gelo.
Quase me desafia com o queixo erguido, como se dissesse: “Você não pode me quebrar.” Ninguém é inquebrável, e ela vai descobrir.
A voz do padre ecoa outra vez:
— Mikhail Volkov… você aceita Sophie Williams como sua legítima esposa? Promete honrá-la, respeitá-la e amá-la, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
A pergunta paira