A brisa da manhã acariciava os cabelos de Valentina enquanto ela caminhava pelas trilhas do vinhedo, ainda hospedada no chalé. A raiva ainda queimava por dentro, mas agora vinha acompanhada de uma estranha lucidez. Ela não precisava mais correr — não de Dante, mas de si mesma.
Na volta, a administradora do lugar a esperava na recepção com um pequeno envelope em mãos.
— Foi entregue ontem à noite, senhorita D’Ávila. Pedi que deixassem aqui com discrição.
Valentina franziu a testa ao ver a caligrafia no envelope. Era inconfundível.
Do avô.
Com o coração acelerado, rasgou cuidadosamente o papel. Lá dentro, uma carta datada de algumas semanas antes da morte dele.
Minha querida Valentina,
Se você está lendo isto, é porque os caminhos tomaram rumos difíceis. Espero que essa carta chegue a você no momento certo. Acreditei que impôr a condição do casamento era a única forma de protegê-la, de garantir que você tivesse apoio num mundo onde mulheres poderosas ainda são temidas. Talvez tenha sido