O carro prateado parou diante da casa azul-turquesa na Rua das Flores. Paloma desligou o motor e deixou as mãos caírem pesadas sobre o volante.
Ficou ali, imóvel, observando através do para-brisa a fachada que conhecia desde menina. As trepadeiras de jasmim, plantadas anos antes por Charles, agora dominavam quase toda a parede. O perfume doce atravessava o vidro fechado, invadia a memória, puxava lembranças felizes que contrastavam cruelmente com a dor que ela trazia no peito.
Respirou fundo. Chorara cada quilômetro da estrada que separava Cabeceiras de João Pessoa. No caminho, parara numa lanchonete à beira da rodovia. Entrou no banheiro, lavou o rosto, retocou a maquiagem com mãos trêmulas e se olhou no espelho. Não podia aparecer diante de tia Cida em frangalhos. A tia não estava bem de saúde; não merecia mais preocupações. Ali, diante do espelho sujo da lanchonete, Paloma prometeu a si mesma: não chorar mais.
A porta da casa se abriu antes mesmo que ela alcançasse a campainha.
— M