Paloma não conseguia tirar os olhos do celular que vibrava sem cessar no banco ao lado. O nome que piscava na tela lhe queimava a retina.
César.
Ela sabia que, quando chegasse ao casebre, o sinal do celular desapareceria por completo.
Respirou fundo, encostou o carro sob a sombra de um juazeiro solitário e pegou o telefone com mãos trêmulas. Aceitou a ligação.
— Alô. — A voz saiu fria, quase mecânica.
Do outro lado, a resposta veio vibrante, calorosa, como se ele falasse de um mundo completamente diferente.
— Paloma! Finalmente! Vi suas chamadas perdidas. Está tudo bem? Eu estava com saudades…
Ela fechou os olhos, o peito apertado, mas não devolveu o sorriso que parecia ouvir em sua voz.
— Onde você está? — perguntou, seca.
— Em Campina Grande. — Ele não hesitou. — Fui resolver a compra de um maquinário novo para a fábrica. Estou voltando amanhã cedo.
Um riso irônico escapou dos lábios dela.
— Campina Grande? Tem certeza?
Houve um silêncio rápido, e então ele retrucou com surpresa:
—