Capítulo 69

Paloma não conseguia tirar os olhos do celular que vibrava sem cessar no banco ao lado. O nome que piscava na tela lhe queimava a retina.

César.

Ela sabia que, quando chegasse ao casebre, o sinal do celular desapareceria por completo.

Respirou fundo, encostou o carro sob a sombra de um juazeiro solitário e pegou o telefone com mãos trêmulas. Aceitou a ligação.

— Alô. — A voz saiu fria, quase mecânica.

Do outro lado, a resposta veio vibrante, calorosa, como se ele falasse de um mundo completamente diferente.

— Paloma! Finalmente! Vi suas chamadas perdidas. Está tudo bem? Eu estava com saudades…

Ela fechou os olhos, o peito apertado, mas não devolveu o sorriso que parecia ouvir em sua voz.

— Onde você está? — perguntou, seca.

— Em Campina Grande. — Ele não hesitou. — Fui resolver a compra de um maquinário novo para a fábrica. Estou voltando amanhã cedo.

Um riso irônico escapou dos lábios dela.

— Campina Grande? Tem certeza?

Houve um silêncio rápido, e então ele retrucou com surpresa:

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