Paloma acordou devagar, sentindo primeiro o calor do corpo de César ainda colado ao seu. O braço dele repousava pesado sobre sua cintura, como uma âncora que a mantinha presa ali, segura e vulnerável ao mesmo tempo.
Piscou algumas vezes, acostumando-se à luz suave que filtrava pelas cortinas. O quarto ainda guardava o cheiro da noite anterior: pele aquecida, perfume dele, suor e desejo. Lembrou-se de cada instante, cada toque, cada suspiro, e uma onda de rubor subiu-lhe ao rosto.
César mexeu-se, apertando-a contra o peito. A voz dele veio rouca, sonolenta, mas carregada de ternura.
— Bom dia, Paloma.
— Bom dia... — respondeu, tentando soar natural, mas a voz falhou.
Ele sorriu contra o cabelo dela e beijou-lhe a têmpora com delicadeza.
— Dormiu bem?
— Não muito... — admitiu, encolhendo-se um pouco. — Acho que fiquei... pensando.
— Pensando em quê? — Ele ergueu a cabeça para olhá-la nos olhos, como se pudesse arrancar a resposta à força.
Ela desviou o olhar, corada. A verdade queimava