No sábado de manhã, Paloma já tinha colocado quase tudo no carro. As caixas estavam alinhadas, a mala fechada, a pilha de roupas reduzida ao essencial. Tudo pronto para partir.
E, no entanto, o coração dela estava pesado. O casebre, que antes lhe parecera pequeno e desconfortável, agora tinha um ar melancólico, como se fosse um último abrigo.
Ela suspirou. Estava deprimida, exausta de emoções que se misturavam entre a saudade antecipada, a raiva e um desejo estranho de ficar. Quis nunca ter aceitado o convite de Nicácio para ir à festa. Ele havia insistido tanto, e, em um momento de rebeldia contra César, ela dissera sim.
Agora se arrependia.
A Festa do Bode Rei era gigantesca. Ela só percebeu a dimensão do evento ao ver o movimento crescente de carros e ônibus estacionando nas ruas. Barracas, faixas coloridas, outdoors anunciando shows com cantores famosos. Mas nada daquilo a animava.
O clima de celebração parecia um contraste cruel com a tempestade que havia dentro dela.
Ainda assim