Mergulhada em lágrimas, Paloma escutava o som confuso que vinha da estrada. O vento zunia nos ouvidos, embaralhando os sentidos, e ela não sabia se o que ouvia era real ou fruto do pânico que lhe dominava o corpo. Um motor pesado, vozes masculinas, pelo menos quatro, misturadas a ordens curtas e abafadas.
O coração dela disparou quando a ponte tremeu levemente.
“É agora”, pensou, apertando os olhos com força. “É o fim.”
Fechou as mãos sobre o terço invisível que desenhava com os dedos no ar e começou a murmurar orações. Pai-Nosso, Ave-Maria, Salve-Rainha. Fez promessas apressadas, desesperadas: rezaria o terço todos os dias, leria a Bíblia sem faltar, jejuaria, iria à igreja aos domingos. Qualquer coisa, contanto que saísse viva dali.
De repente, sentiu o tranco metálico de algo sendo preso ao carro.
Um guincho.
O som do ferro contra o ferro, do cabo sendo esticado. A esperança invadiu-lhe o peito e, ao mesmo tempo, o medo cresceu: e se o peso do guincho fosse o empurrão final para o