A terra que o vento arrastava batia com violência no para-brisa do carro, como se a natureza quisesse refletir o próprio turbilhão de emoções que se agitava dentro de Paloma.
O sertão estava irreconhecível. Sons de folhas secas sendo arrancadas, o zunido constante do vento, o estalo das portas malfeitas das casas que batiam sem parar... tudo se misturava em uma sinfonia desordenada e inquietante.
As mulheres corriam para tirar as roupas dos varais, tentando evitar que as peças voassem pelo terreiro. Crianças gritavam, cachorros latiam. O céu, antes de um azul implacável, agora se fechava em um cinza denso, quase metálico, como se anunciasse uma chuva improvável para aquela época do ano.
Paloma, no entanto, não conseguia sentir medo. Havia algo de mágico naquela atmosfera. O sertão, com seus ocres infinitos e sua vegetação retorcida, tinha cativado seu coração de uma forma que não esperava.
Tinha saído da Paraíba ainda criança, e as lembranças que guardava eram vagas. Agora, adulta, pe