César ouviu toda a explicação de Paloma em silêncio, os olhos semicerrados, o rosto completamente impenetrável.
Ela terminou de falar, hesitou, e voltou a encarar o prato.
— Então… foi isso — concluiu, nervosa. — Quando as luzes se apagaram, mexi na chave geral sem querer. Acabei desligando a bomba.
Arriscou olhar para César, ansiosa por algum sinal de que ele acreditava nela. Nada. Nem um músculo de seu rosto se moveu.
— Sim, você já falou isso. — Leliana interrompeu, seca, apoiando o queixo na mão. — Muitas vezes hoje, aliás.
O tom de impaciência a fez corar ainda mais.
Bela, no entanto, inclinou a cabeça com gentileza, como se realmente ouvisse cada palavra.
— Foi um engano compreensível, minha filha. — disse, tentando aliviar o peso do silêncio que caíra sobre a mesa.
Mas o silêncio voltou logo em seguida, denso, sufocante. Paloma queria desaparecer.
Foi então que a senhora quebrou a tensão:
— César, vi os desenhos maravilhosos que fez de Paloma. — disse com um sorriso discreto. —