Paloma ficou parada por alguns instantes, incapaz de se mover. O silêncio que se seguiu às últimas palavras de César era tão denso que quase lhe pesava no peito. Os músculos estavam rígidos, a respiração curta. Então, como se o corpo agisse por instinto, deu um salto e correu até a porta, fechando-a com força e trancando a chave com as mãos trêmulas.
Encostou a testa na madeira fria. O coração ainda galopava. As palavras dele ecoavam em sua mente: não ia machucá-la. Não, não parecia que seria capaz de atravessar aquela fronteira sombria. Quis acreditar nisso. Ainda assim, não quis arriscar. Aquele olhar, aquela raiva — era como estar diante de um animal ferido, pronto para atacar a qualquer movimento em falso.
Ouviu os passos pesados se afastarem, raivosos, até desaparecerem no corredor. Só então ousou respirar fundo. O ar entrou em seu peito como uma onda de alívio, ainda que misturada ao gosto amargo do pânico recente.
Foi um blefe?
Talvez.
Ou será que ele realmente mudou de ideia n