KAELEN
— Eu não entendo o motivo. Por que você?
A pergunta pairou no ar entre nós, mais um dado a ser analisado no fenômeno que era Maya Collins. Enquanto ela processava minhas palavras, a observava com a atenção que dedicava a uma cultura celular particularmente resistente. Seus traços não possuíam a delicadeza etérea das aurélianas; eram marcantes. A linha de seu maxilar era forte, o nariz tinha uma ligeira curva que lhe dava caráter, os lábios eram cheios e expressivos, mesmo quando cerrados em silêncio. E a sua pele... um raio de sol que trespassava a parede de vidro iluminava-lhe o braço, revelando o tom dourado e quente do bronzeado, tão diferente da nossa palidez. Parecia reter a própria luz, como se alimentasse-se dela.
Ela engoliu com dificuldade, os olhos verdes fixos no prato.
— Não sei o que dizer — murmurou, a voz ainda carregada do choque da minha franqueza.
— Você não precisa dizer nada — respondi, a lógica retomando o controle da situação. — Eu descobrirei o motivo. E