MAYA
Meu corpo reagiu antes que minha mente pudesse processar. Girei no lugar, o coração batendo com força contra minhas costelas, e me vi face a face com ele.
Kaelen Aurelius estava parado a poucos metros de distância, uma figura de silêncio e poder. Vestia um traje impecável de um cinza tão escuro que quase parecia preto, cortado de forma a acentuar seus ombros largos e a postura altiva. A luz da manhã que inundava o apartamento por todas as direções parecia ser atraída por ele, fazendo sua pele pálida quase brilhar e, principalmente, fazendo seus olhos dourados incendiarem. Eles eram ainda mais intensos do que eu lembrava, duas moedas de ouro líquido que me fitavam com uma atenção desconcertante.
Mas foi um detalhe menor, mais mundano, que primeiro capturou meu olhar e disparou o alarme primitivo no meu cérebro. Em sua mão longa e elegante, ele segurava uma caneca de cerâmica escura. Dela, subia uma espiral de vapor quente, perfumando o ar com um aroma terroso e familiar.
Café.
Meu