No reino de Naskra, a magia impera sobre todos os seres. As hierarquias de feéricos e seres mágicos se sobrepõe aos humanos. Mas a cada 300 anos, sete casais de crianças humanas são agraciadas pela Deusa Mãe. Tess Hayne, uma ladra de jóias da cidade comercial de Holirya é órfã e tem apenas o irmão mais velho, Finnick. Mas, após a tentativa frustrada de um roubo que lhe garantiria muito ouro, ela acaba quase morta num beco frio e congelado. Mas é resgatada por Alek Fyodor, por quem descobre ter uma ligação. Tess e Alek são apenas um dos sete casais de Gêmeos. Mas no meio de intrigas com as rainhas feéricas–Maeve, Mora e Mab– a ameaça de um ataque dos Assassinos de Ferro do reino de Avilan os deixará de mãos atadas.
Ler maisEnquanto andava pelas ruas lotadas da feira de Holirya, capital comercial de Naskra, Tess olhava os bolsos mais do que às pessoas.
As damas, sempre com quilos de jóias para atrair os nobres que passavam por ali sempre que havia feira, era o que a atraia até ali. Mas um homem, de aparência rica, chamou sua atenção mais do que as damas. Ele mantinha um saco de couro cheio de moedas amarrado à alça do cinto.
Tão fácil, ela sorriu.
Como Finn a ensinara, ela esbarrou no homem e quase foi ao chão. Recobrando o equilíbrio, ela se virou para o homem com os olhos azuis brilhando com a inocência que nunca teria.
" Sinto muito, senhor. " Ela puxou a trança de cabelos castanhos-claros para o ombro direito.
O homem lançou-lhe um olhar de nojo, como se ela fosse um ser extremamente inferior a ele. " Que não se repita."
Então saiu andando com toda a sua arrogância. Nas mãos da garota, a bolsinha de moedas era um peso bem-vindo. Com as mãos leves, puxara a ponta solta que desatou o nó, fazendo com que o ouro caísse diretamente nos dedos ágeis dela.
Tess foi para um canto da rua, num beco, e contou o dinheiro. Mais vinte e cinco moedas de prata e quatro de ouro para a bolsa maior cuidadosamente presa a si. Já havia conseguido meia dúzia de jóias e bastante ouro e prata.
Como combinado, Tess varreu os lados norte e leste da feira enquanto o irmão varria os outros. Com dedos habilidosos, a ladra ia abrindo fechos de pulseiras de ouro, surrupiando anéis com safiras e pegando bolsas de prata.
Ao final de quase duas horas no sol escaldante, parou na taverna preferida e entrou para descansar. Como faziam pelo menos duas vezes por mês, Tess entrou no Garras de Tigre, desviando com a facilidade de uma cobra dos bêbados que tentavam agarrá-la, e sentou-se numa mesa de dois lugares no canto mais afastado do balcão de bebidas.
Jogou uma moeda de prata para o atendente, que trouxe um copo de suco de cileno, uma frutinha alaranjada.
A frieza das adagas gêmeas faziam-na sentir confortável enquanto o metal estava pressionado em suas botas. Num lugar como aquele, era estupidez ficar desarmada.
A porta abriu e segundos depois um jovem de cabelos loiros como trigo sentou-se na frente de Tess.
" Quanto ouro conseguiu hoje, Finn?" Ela perguntou, sinalizando para o atendente.
" O suficiente. Mas não sabe o que eu ouvi." Ela ergueu as sobrancelhas e ele continuou. " Parece que aquele tal duque de Korlims está na cidade e irá ao baile de inverno hoje. " Ele gargalhou de alegria.
Dois mercenários passaram à mesa deles e um deles deu um passo na direção da mesa dos irmãos, os olhos fixos em Tess que já pegava uma das adagas. Mas o outro agarrou o braço do amigo, os olhos fixos na espada de Finnick.
No ano anterior, Finnick havia conseguido–melhor dizendo, roubado–a espada de um dos guardas do castelo do Lorde de Holirya. A espada tinha no punho um misto de ouro e bronze que terminava numa safira reluzente. A lâmina era boa o suficiente para cortar um homem em dois. A bainha já era ameaçadora o suficiente para intimidar até dois mercenários. E Finnick sabia exatamente como usar a espada.
O atendente deixou uma caneca de cerveja e ganhou duas moedas de prata, mais do que o valor. Agradecendo, ele saiu.
" Sabe, seu aniversário de dezoito anos está chegando. Pensei em irmos para Joraele e passarmos uns dias por lá. Talvez ficar com Maya e seu grupo. Eu sei o quanto gosta daquela cidade e podemos ir se quiser. " Finnick sugeriu.
Os olhos da garota brilharam. " Mesmo? Acha que Maya deixaria que ficássemos lá? " Ela quase quicava na cadeira.
Seu irmão riu. " Claro que sim. Sabe como o líder dela adoraria nos ter no grupo dele. Ainda mais quando eles ficam tão próximos da Fronteira. "
A Fronteira era um muro de mármore que separava o mundo humano e feérico. Só o nome do lugar já dava calafrios à ela.
Jamais um humano havia visto o muro e voltado para contar a história. Dentro, os três reinos feéricos imperavam. As rainhas feéricas Maeve, Mab e Mora mantinham suas cortes e suas legiões. Mas Mora mantinha a vantagem: os Gêmeos da Legião Congelada.
Os Gêmeos eram, segundo as histórias, Clio e Garnett. Nasceram humanos mas, depois de nascer, foram agraciados pela Deusa Mãe e ao fazerem dezoito anos suas almas completaram a ligação. Hoje, Clio mantinha a água sob seu controle e Garnett controlava metais. Juntos, eram mortais e imbatíveis.
Segundo as lendas, quando o primeiro casal de Gêmeos completasse a ligação, outros os seguiriam até completarem os sete casais escolhidos pela Deusa. Então, depois de entrar no reino feérico e aprender a manusear os dons, escolheriam uma das três rainhas para se aliar. Havia boatos de que três casais estavam na Academia Escarlate, o lugar onde os Gêmeos treinariam para usar os dons.
Mas, sinceramente, Tess achava tudo aquilo uma farsa. Jamais vira um feérico, jamais viu qualquer indício de magia em seu reino. Mas diziam que nas Terras dos Três Reinos, todo e qualquer descendente feérico seria bem-vindo. Mas ela não acreditava em nada que não pudesse ver. Ela se recusava a recordar da única exceção, quando seus pais foram mortos pelos...não, ela não pensaria naquela noite, não na frente de tanta gente.
Já Finnick havia enchido o saco dela até completar dezoito anos dizendo que amaria os deuses se eles permitissem que ele fosse um dos Gêmeos. Finn sempre acreditara na magia, por algum motivo.
" Muito bem. Eu vou ao maldito baile esta noite e depois partimos para Joraele. " Ela disse.
Finnick sorriu. " Trate de encher sua bolsa com as jóias da nobreza. Agora vamos, precisamos achar um vestido para você. "
Tess eram um redemoinho de puro ódio, gelo, vingança e aço, cortando quantos dos inimigos pudesse. Ela deslizava para fora do caminho das espadas com um misto de graça feérica misturada com a antiga frieza e ferocidade humana. Deslizar para longe do ferro a lembrava de quando desviava dos bêbados no Garras de Tigre.Ela sentiu vagamente algo grudento cobrindi cada centímetros de seu corpo. Um lampejo vermelho a mostrou que ela estava coberta de sangue. Pernas braços, cabelos e tronco; tudo coberto com o líquido morno e carmesim.Ela usava sua magia para defender ataques, criando um pequeno escudo de gelo entre sua cabeça e as espadas, cujo cheiro fazia mal ao seu nariz.Nos primeiros vinte minutos, tudo ia bem, mas so
Eles vieram perto do amanhecer.Tess estava dormindo quando alguém entrou em seu quarto. Therae a chacoalhou para que acordasse." Senhorita. Senhorita, por favor, acorde. Precisam de você. ""O que foi?" Ela perguntou, tensa e alerta." Eles foram avistados perto daqui. Ah, senhorita, dizem que é um exército imenso." A criada choramingou.O sangue de Tess foi drenado de seu corpo. Ele estava vindo.Eleestava vindo." Me ajude a colocar a armadura." Ela saltou da cama.Therae correu para o manequim, lágrimas escorrendo por sua bochecha.
Ela não sabia porque estava ali, mas parecia o único lugar longe de tudo o suficiente para que ela respirasse.Tess estava no antigo quarto de Rowan, na ala esquecida. Ela se empoleirava no telhado, onde podia ver as estrelas. Mandava brisas para si porque aquele vestido a estava matando.Não demorou mais do que quinze minutos para que ele chegasse.Tess sabia que Rowan tinha visto ela correr e sabia também que ele viria." Tem alguma coisa errada." Ela disse quando soube que ele havia pisado no telhado."Percebi quando você correu. Devia ter sido mais cuidadosa, Maeve me mandou aqui e quer saber de tudo quando..."
Tess entrou de cabeça erguida no salão, um leve e rude sorriso no rosto. Mas suas mãos tremiam enquanto ela se aproximava das rainhas. E era por isso que ela pressionava as mãos contra o braço de Alek.Quando ela chegou a quatro metros dos tronos, os olhares das rainhas foram para o colar em sua garganta. Mab engasgou e tossiu para disfarçar, um rubor crescente em suas bochechas que ela escondeu com a mão. Mora arregalou os olhos e seu olhar foi de desdém para fúria e horror em um segundo. Mas Maeve sorria abertamente, satisfeita." Tessalie Mare Hayne e Aleksander Kyril Fyodor. " Maeve disse. " Apresente-se."Como Karena havia mandado, os dois pararam na frente dos tronos e fizeram uma reverência.Tess olhou par
Tess suava frio enquanto aguardava Therae terminar de arrumá-la.Krisa estava sentada em sua cama, já em suas roupas de baile--um vestido com tons de marrom e verde--e sorria para a amiga.Desta vez, elas estavam no quarto de Krisa. Therae, Danara e Phylis estavam praticamente correndo pelo quarto a fim de arrumar os últimos detalhes para as garotas.Tess se pegou divagando na frente do espelho. Seus pensamentos a levaram de volta à noite anterior, quando Rowan havia batido em sua porta perto do amanhecer. Tess ainda estava acordada.Rowan disse que havia fortificado as defesas e convocado sua Legião para lutar. Mab e Mora haviam convocado suas legiões também--Legião
"Não podia ser mais imatura? !" Rowan disparou para ela assim que fechou a porta atrás de si."Não teria dado uma surra nela se você ou qualquer um dos outros tivesse impedido aquela maluca! " Tess disparou de volta." Sinto muito se realmente gosto da minha cabeça presa no pescoço. Ou do meu corpo inteiro. " Ele gritou de volta." E eu? Sempre diz que me protegeria e isso e aquilo, mas quando eu precisei de você, ficou apenas na plateia. " Ela disse, a cada palavra seu tom ficava mais baixo e derrotado. " Ela teria me matado, Rowan, teria me matado se Maeve não estivesse lá. E teria matado Alek junto. "Rowan se aproximou dela e a abraçou. " Primeiro, Mora não te mataria nem seu parceiro. "
Último capítulo