Ele é o guardião silencioso da máfia. Ela, uma chama prestes a incendiar seus segredos. Andreas Castellini é um médico renomado, confidente da Famiglia Vescari – conhecida como La Notte Rossa – e o homem mais reservado que alguém já ousou decifrar. Seus gestos são frios, suas palavras medidas. Mas por trás da serenidade clínica, esconde-se um passado manchado de dor e uma crueldade silenciosa, capaz de ser despertada com um simples passo em falso. Giovanna Fontana deixou o interior com o sonho de se formar médica. Jovem, brilhante, determinada. Ela estava no caminho certo... até que a morte brutal de seu irmão caçula destruiu seu mundo e reacendeu uma fúria que ela nunca soube que existia. Agora, a única cura para sua dor é a vingança — e ela sabe exatamente por onde começar. Para alcançar o topo da organização mais poderosa do país, Luiza precisará se infiltrar onde ninguém ousou: nos segredos de Andreas Castellini. Mas quanto mais ela se aproxima, mais percebe que está brincando com uma fera enjaulada. Um homem que pode tanto protegê-la... quanto destruí-la. Uma trama onde confiança é uma ilusão, amor é um risco, e cada batida do coração pode ser um passo mais perto do abismo.
Leer másGiovanna
— Rápido, precisamos de mais pessoas aqui!
Alguém grita em meio ao caos dentro de um hospital público, enquanto os feridos não param de chegar. Fala-se em uma guerra entre facções. Uma disputa brutal e incontestável territorial pelo tráfico de drogas, e armas.
Bando de imbecis! Será que eles não conseguem ver que estão matando uns aos outros por nada?
— Doutora Giovanna, precisamos de você aqui! — Uma enfermeira pede em meio a uma turbulência de gritos, choros e gemidos doloridos.
— Só um instante, u já estou terminando aqui!
Meu nome é Giovanna Fontana. Atualmente trabalho como médica residente em um hospital público situado no centro de Verona – na região da Sicília. Entretanto, já estou no meu penúltimo ano de medicina e anseio por uma carreira de sucesso na área de cardiologia. E fora todo esse caos de dor, e de morte ao meu redor, eu amo o que faço. Contudo, não fiz isso sozinha. Na verdade, eu devo cada pedacinho dessa minha conquista Arturo Fontana, meu irmão mais velho. A verdade é que, desde que os nossos pais morreram ele se tornou a minha única família – o meu tudo. E acredite, ele me deu tudo que uma adolescente precisava para ser feliz, além de boa educação e muita dedicação. Arturo desistiu de tudo por mim – e quando eu digo tudo, quero dizer a faculdade de administração e uma carreira de sucesso, tudo isso para tornar-se meu pai e mãe. E para isso, tornou-se um dos melhores policiais que essa cidade já teve. Devo dizer que tenho muito orgulho do meu irmão e que faço tudo para ser o orgulho dele também.
— Giovanna! — Desperto quando doutora Sienna solta um grito de desespero.
— Termine isso para mim! — peço para a enfermeira que está do meu lado e corro ao seu encontro.
— Nós o estamos perdendo! Não sei mais o que fazer. — Ela fala para a sua equipe. — Aplique mais uma dose de adrenalina, agora!
Eu sei que deveria estar lá, ajudando a equipe a salvar mais uma vida, mas a farda ensanguentada me fez paralisar a centímetros da cama estreita e um zumbido abafou todas as vozes desesperadas ao meu redor.
Não pode ser!
Um eco vibrou dentro do meu cérebro, roubando todas as minhas forças, tirando de mim a capacidade de respirar, mas principalmente, tirando o chão de debaixo dos meus pés.
— Giovanna! — Sienna adverte-me com outro grito, puxando-me de volta uma realidade cruel e só então resolvo me mexer do meu lugar.
— Arturo, fale comigo, irmão! — peço em agonia, segurando em cada lado do seu rosto sujo de sangue. — ARTURO… — As lágrimas embaçam os meus olhos. — ABRE OS OLHOS, POR FAVOR!
— Tirem-na daqui! — Alguém ordena e sou literalmente puxada para longe dele. E depois disso, tudo se parece com uma cena de filme de terror em câmera lenta bem diante dos meus olhos. Os médicos lutando pela sua vida. O seu corpo inerte não esboça qualquer reação e em meio a isso tudo, o meu desespero só aumenta.
Ele se foi! Penso quando a equipe o abandona e vai em socorro de outros pacientes. Eu tinha um mundo todo perfeito onde meu irmão mais velho era o meu herói. Onde eu julguei que ele seria indestrutível e que eu jamais ficaria sozinha. Mas agora estou sozinha.
Quebrada e sozinha. E não sei que direção seguir.
… Doutora Giovanna Fontana!
Arturo cantarolou orgulhoso e cheio de si, esbanjando um sorriso sem tamanho.
… Nossos pais sentiriam muito orgulho de você, irmãzinha.
Sorrio ao lembrar-me do seu sorriso, mas não consigo parar de chorar.
… Isso aqui é para você.
Ele disse uma vez, sem me dar qualquer explicação, ao me entregar uma bolsa cheia de dinheiro.
… Mas isso é muito dinheiro, irmão!
… Eu sei. Ele é para o seu futuro, irmãzinha.
… Não posso aceitar tudo isso, Arturo.
… Você pode e vai.
— Por quê? — sussurro em amargura.
… Quero que me prometa que nunca irá desistir, Giovanna.
… Eu não vou, irmão.
… É sério, Gio. Mesmo que eu não esteja aqui com você, me prometa que jamais desistirá.
… Mas você vai estar aqui. E por que não estaria?
Em resposta ele beijou os meus cabelos.
Meu Deus, eu sou tão boba! Ele era um policial. Um homem da lei e isso poderia acontecer a qualquer momento.
— É por aqui, Senhorita!
Um médico legista diz quando adentro o necrotério horas depois, e inevitavelmente observo as suas paredes cinzas, que tem uma frieza implacável. Tão sombrias quantos a dor que me parte ao meio. O som da rampa metálica se arrastando minutos depois me faz fitar o embrulho negro, deitado sobre uma placa fria e ao mirar o seu rosto pálido, adormecido para a eternidade, lágrimas silenciosas voltam a inundar os meus olhos outra vez.
— Pode me deixar sozinha por alguns minutos? — peço, mas não tenho certeza de que ele me escutou. — Eu gostaria de me despedir dele. — Contudo, o fato de o homem sair da sala e fechar a porta me diz que sim.
Engulo um nó em minha garganta e trêmula, deslizo a minha mão pelo seu peitoral frio. Entretanto, algo me chama a atenção. Uma carta de baralho largada na lateral do seu corpo. Curiosa, seco as minhas lágrimas e a seguro para olhá-la com curiosidade. Meu coração b**e forte quando tenho o vislumbre de uma rosa negra e espinhosa bem atrás do pequeno cartão, com alguns detalhes destacados em vermelho-sangue.
O ar me falta.
La Noitte Rossa. Penso, amassando a carta entre os meus dedos. Contudo, meu maxilar se enrijece sobremaneira, de forma que os ossos da minha face reclamam e uma fúria negra percorre as plantas dos meus pés, absorvendo todo o meu sistema, convertendo cada sentimento de dor em um instinto de vingança.
— Eu vou vingar a sua morte, irmão — prometo. — Não importa como, eu farei isso nem que seja a última coisa que eu faça em vida.
Capítulo BônusA ADVOGADA DA FERAPRÓLOGO: POR EDGAR CONSTANTINE— Não! Não! Não!Gritos. Dor. O fogo nunca se apaga dentro de mim. Penso, quando abro os meus olhos abruptamente e percebo que estou ofegante outra vez. O meu corpo está encharcado de suor e a dor lancinante é quase insuportável.Tem sido assim desde que tudo aconteceu. Eu sempre acordo dentro do mesmo pesadelo. Extremamente ofegante. Amaldiçoado pela cicatriz que o destino resolveu gravar no meu rosto.Meu nome é Edgar Constantine e sou herdeiro de um império que dobra homens ao meu comando – a Constantine Enterprises – uma holding global, imensurável, dona de vários ramos, mas com raízes mais fortes em defesa, energia e finanças. Isso me dá um poder absoluto: controlar o dinheiro, a força e o futuro. Portanto, sou temido, respeitado e odiado.E para aqueles que trabalham ou se aproximam de mim, eu só tenho uma exigência: nunca olhe nos meus olhos. Olho as horas no relógio que está em cima da mesinha de cabeceira. Três
Epílogo - Parte 2Eu já havia dito adeus, mas pelo que vejo, o seu fantasma está decido a me rondar. Contudo, decido jogar esse pensamento para bem longe e me dedicar a parte do meu trabalho que mais amo.No final da tarde, como havia prometido, vou direto para o banco e após uma conversa franca com o gerente, sou levada para uma sala privada, onde uma pequena caixa de aço me aguarda em cima de uma mesa. Seguro a chave simples que ele me entrega e após ficar sozinha, coloco-a na fechadura e giro, abrindo uma pequena gaveta. Encontro algumas fotos de Arturo e De Luca sorridentes e abraçados. Alguns documentos vendas e trocas e um saquinho negro aveludado.Trinco o maxilar e seguro para sentir o seu peso leve. E logo que o abro, derramo o seu conteúdo na palma da minha mão.… Ok, fique calmo! … Eu vou ficar quando você me entregar os meus diamantes. … Diamantes? … Eu juro que não faço ideia do que você…Prendo a respiração quando me lembro das últimas palavras de Romano De Luca.— Nã
Epílogo - Parte 1Giovanna— Oi!A minha voz sai como um sussurro quando paro na frente de um túmulo e fito a pedra fria que carrega o seu nome. A imagem um pouco gasta pelo calor do sol me diz muito sobre a minha negligência. Desde que descobri toda a verdade sobre Arturo Fontana me desliguei totalmente das lembranças que ele havia deixado marcadas dentro de mim. No entanto, tenho sonhado com ele há algumas noites e me lembrei que me esqueci de dizer adeus.— Já faz um tempo e…Suspiro baixo e me sento em um banco de concreto.— Eu não vim para me desculpar por não te visitar ao longo dos meses. Ou para dizer que voltarei em breve. Na verdade, eu… ainda estou com muita raiva de você. Céus, eu… queria que estivesse aqui. Queria te encher de perguntas. Em que momento você se perdeu, irmão? Quando você se tornou um desconhecido e eu nem percebi isso?Não consigo chorar. É como se todas as minhas lágrimas tivessem secado dentro de mim.— Você era o meu herói! — resmungo baixo, em um lamp
AndreasRespiro fundo e me livro do cinto de segurança.— Aguardem aqui! — ordeno, saindo do veículo e com alguns passos duros, subo alguns degraus. Sem qualquer aviso ou delicadeza seguro no braço da minha ex-sogra e a arrasto para um canto afasto.Assustada, ela arfa, encarando-me pálida feito um papel.— O que diabos você está fazendo aqui, Elma? — vocifero, sem chamar a atenção.— Andreas… por favor! — É tudo que ela diz, tentando livrar-se do meu agarre. Contudo, aperto ainda mais os meus dedos ao redor do seu braço. Cruel, inclino o meu rosto sob o seu e com voz baixa, porém, cortante como gelo, rosno para ela:— Eu deveria perguntar para os meus homens como diabos você chegou tão perto assim da minha família? Ou você enlouqueceu o bastante para se colocar assim diante de mim?Elma engole em seco. Contudo, ela tenta recuperar sua compostura.— Eu não vim para causar confusão — sibila com um tom mais firme agora. — Eu só quero ver minha neta. Acompanhar a sua primeira apresentaç
AndreasUm ano depois… Eu nasci e vivi para ver isso acontecer. A corporação Noitte Rossa nunca esteve tão implacável como agora. O dinheiro está fluindo como sangue novo em minhas veias. Os devedores pagam em dobro as suas dívidas — seja em cifras ou em dor — e a expansão da máfia italiana já não conhece mais fronteiras. Sem limites. Cada ordem do Dom da máfia italiana ecoa como uma sentença poderosa e como se fosse um Deus, ele decide quem vive e quem morre. E cada olhar seu impõe respeito as suas regras rígidas. Do meu lado, não apenas comando; eu dito o ritmo de um império que cresce assustadoramente sob o peso do meu nome. Castellini. O nome que assusta, o nome que vence.— Amor, preciso que fique de olho em Virna.E ainda assim, quando ouço o doce som da sua voz, todo esse poder se dissolve diante de uma mulher. Giovanna. Ela é meu refúgio e o meu tormento. A paz que não eu mereço, mas que insisto em tomá-la para mim. Nos olhos dela já não existe mais o medo do Andreas mafioso.
Giovanna— Olhe o que você fez comigo, sua louca! Você não pode fazer isso comigo! — Ela rosna com firmeza na voz.— Tem razão — replico, chegando perto dela outra vez e sem tirar os meus olhos dos seus, desfiro uma tapa forte no seu rosto. — Eu não podia simplesmente expulsá-la da minha casa sem lhe dar um bom corretivo — rosno entre dentes, acertando o outro lado do seu rosto.— Sua vaca! — Beatrice berra enraivecida. Ela tenta me acertar, mas a empurro e ela se desequilibra, caindo no chão outra vez.— Quem sabe dessa vez você aprende uma lição, Beatrice? — ralho ainda furiosa. — Agora saia da minha casa! — Dou-lhe as costas.— Eu preciso pegar as minhas coisas! — Ela retruca, ficando de pé e abraça o seu próprio corpo.— Você pode esperar do lado de fora do portão até que um dos empregados arrume as suas coisas. Porque eu não a quero aqui dentro nem mais um minuto.Então me dou conta de que todos os empregados estão acordados devido o rebuliço no meio da madrugada, e assistindo a
Último capítulo