A jovem sonhadora Beatriz, estudante de biomedicina, vive os seus melhores momentos nos braços de Lipe, o seu professor de biologia, eles vivem um romance perfeito, passariam a morar juntos após a sua formatura. Lipe nunca havia revelado o seu segredo, vive com o seu salário de professor universitário, porém a sua conta bancária tem um saldo muito acima do que a sua vida de professor pode proporcionar. Beatriz, fica extremamente abalada pelo fato do seu namorado não ter comparecido à sua formatura, mas ela não desconfiava que isso tudo não passava de uma armação do seu sogro. Cesare Vassalo, pai do professor Felipe, ao descobrir a proporção do romance entre o jovem casal resolve por um ponto final no relacionamento deles, induzindo Beatriz a flagrar Lipe na cama com outra mulher. Ela só não imaginava, que ele não compareceu a sua formatura por estar sob efeito de fortes medicações que o manteve dormindo por diversas horas para que a armação tivesse sucesso e ela o flagrasse com a secretária do campus. Beatriz recebe uma proposta de trabalho, se apega a essa oportunidade com unhas e dentes e vai embora auxiliar um cientista renomado em diversas pesquisas na sua área. Ela só não sabia, que ir embora deixando tudo para trás, além das malas, carregava no seu ventre o fruto desse amor tão puro que viveu com Lipe. Anos depois, o centro de pesquisa recebe o convite para um congresso internacional, Beatriz vai substituir o seu empregador, o destino mais uma vez coloca Felipe e Beatriz frente a frente, porém ela levou a sua pequena filha, que foi reconhecida imediatamente pelo pai biológico! Esse reencontro foi marcado por emoções não verbalizadas. Será que o jovem casal terá maturidade para enfrentar o passado, revelar os segredos e viver esse grande amor?
Ler maisNo silêncio da madrugada, enquanto o mundo lá fora repousa em uma falsa sensação de segurança, eu permaneço desperto. Meu mundo não conhece descanso. Aqui, não há espaço para fraqueza. A máfia não perdoa os despreparados, e eu sou a prova viva de que sobreviver é uma arte cruel.
Diante do público, sou Cesare Vassalo, magnata de uma das maiores empreiteiras do Brasil, um homem de negócios impecável e dono de um império. Mas nas sombras, sou o estrategista implacável, o arquiteto de cada movimento no tabuleiro da máfia. Minhas mãos são de ferro, e meu coração, uma fortaleza. O destino me moldou para liderar, mas não sem antes me testar de todas as formas possíveis.
Parte dessa provação foi Giulia. Ah, Giulia... Quando me forçaram a me casar, encarei o matrimônio como uma negociação, um acordo entre famílias que perpetuava o poder. As mulheres, para mim, eram ferramentas úteis, nada mais. Porém, naquele altar, ao levantar o véu de Giulia, o que vi não foi fragilidade, mas uma força indomável disfarçada de doçura. Ela era linda, sim, parecia um anjo, loira, olhos azuis intensos, um ar de fragilidade que escondia uma força inesperada. Naquele instante fui golpeado, senti como se tivesse levado um soco no estômago, diante de tanta delicadeza, me apaixonei imediatamente.
Naquele momento, senti algo estranho. Não foi amor, nem paixão, mas uma certeza desconfortável: Giulia não seria facilmente domada. Até meus homens mais frios se dobram diante dela. Ninguém ousa desobedecê-la, e isso não tem nada a ver com medo de mim. Ela impõe respeito de um jeito que nem eu compreendo completamente.
Com o tempo, ela provou que minha intuição estava certa. Giulia não é apenas minha esposa, ela é uma força da natureza. Em casa, ela governa com uma mistura de graça e determinação que encanta e surpreende a todos. Até eu, Cesare Vassalo, me curvo ao seu comando dentro de nossas paredes. Mas lá fora, nas ruas e nos becos escuros onde negócios são feitos, é o meu nome que ecoa. É o meu império que domina.
Nossa união nos deu dois herdeiros, Felipe e Gian Carlo. Felipe, meu primogênito, é um intelectual nato, tranquilo, distante do caos que permeia nosso mundo. Ele acredita que pode fugir do legado da máfia, mas está enganado. Aos 30, terá que cumprir sua obrigação de se casar, como manda a tradição. Até lá, vigio-o de perto. Já Gian Carlo, meu caçula, é minha cópia perfeita, impulsivo, estratégico e sedento por poder.
Embora ame os meus filhos igualmente, é Felipe quem tem me preocupado ultimamente. Ele se apaixonou por uma garota que não é digna de nossa família. Eu vejo o que ele não vê, uma oportunista, uma ameaça. Se Giulia descobrir, vai querer protegê-la, mas eu não posso permitir que essa mulher entre no nosso mundo.
Recebi hoje a confirmação de onde ela estava, em seu apartamento. Esse é o momento de agir. No carro, à medida que nos afastamos da zona nobre, o cenário muda drasticamente. As ruas tornam-se mais estreitas, os prédios, mais sujos. A decadência está em todo lugar, e o cheiro de miséria é quase sufocante.
Subo os degraus de concreto gasto com passos firmes, minha determinação inabalável. Ao chegar ao apartamento, toco a campainha. A porta se abre, revelando uma mulher que tenta disfarçar sua essência com um sorriso doce e palavras ensaiadas.
— Boa tarde, senhor. Posso ajudá-lo? — pergunta, com uma voz ensaiadamente doce.
— Gostaria de ter uma conversa rápida contigo. Posso entrar? — digo sem esconder minha impaciência.
Ela continua sorrindo, como se não tivesse a menor ideia de quem sou, e me dá passagem. Com um gesto, indica o sofá, ainda mantendo a pose de anfitriã perfeita.
— Aceita um café? Uma água? — oferece, como se estivéssemos no saguão de um hotel cinco estrelas.
Sento-me, mas não para relaxar. Mal tenho paciência para as formalidades.
— Minha conversa contigo será breve. Só vim esclarecer algumas coisas e deixar um aviso muito claro.
Ela me encara com curiosidade, mas vejo uma pontada de insegurança em seus olhos. Sabe que algo está errado.
— Meu nome é Cesare Vassalo. Sou pai de Felipe, o homem cuja cama você tem aquecido.
Ela engole seco, mas não perde a compostura imediatamente.
— Não sei do que está falando...
— Não se faça de desentendida. Você acha mesmo que não percebo o tipo de mulher que você é? Golpistas como você têm um cheiro característico, e o seu está impregnado neste apartamento.
— Deve estar havendo algum engano, senhor. O Felipe jamais me proporia algo desrespeitoso.
Rio com escárnio, inclinando-me para frente.
— Engano? Não me subestime. Vou simplificar, na nossa família, compartilhamos os brinquedos. Ou seja, as mulheres que se oferecem para diversão são apenas isso, diversão. Ela arregala os olhos, agora claramente abalada.
— O Felipe não é assim! Ele me respeita!
— Respeito? — Minha voz carrega um tom ameaçador.
— Você é apenas uma diversão. Acha mesmo que ele considera você algo mais? Vá até o apartamento dele agora, se quiser. Descubra por conta própria.
Levanto-me, ajeitando meu terno.
— E mais uma coisa, se você não desaparecer da vida do meu filho, terá que lidar comigo. Mas não vai ser sentando no meu colo ou me oferecendo seu corpinho miserável. Vai ser nos gritos.
Ela tenta falar algo, mas a interrompo.
— Seu destino será muito pior do que qualquer filme de terror que já viu.
Caminho até a porta sem olhar para trás.
— Passar bem. Vá agora ao Felipe e confirme o que estou dizendo. Tenho certeza que você não vai gostar do que vai descobrir.
Saio do apartamento e sinto o ar fresco me envolvendo, como se tivesse acabado de sair de um chiqueiro. Missão cumprida. Deixei-a em estado de choque.
Enquanto volto ao carro, penso em Felipe. Ele vai sofrer ao perceber que foi enganado, mas é um preço pequeno para mantê-lo no caminho certo. Essa garota era uma ameaça à nossa família, e eu fiz o que precisava ser feito.
Lipe renegou nosso mundo e buscou uma vida normal. Ele acredita que está livre, mas aos 30 anos, terá que se casar. É uma tradição que não pode ser ignorada.
Quando necessário, como hoje, entro em ação. Porque, acima de tudo, sou um Vassalo. E minha família nunca será ameaçada.
Mas algo naquela garota me incomoda. Não é apenas oportunismo. Há algo mais, algo que não consegui identificar... ainda.
O jogo não acabou. E, desta vez, talvez eu não esteja lidando apenas com uma golpista qualquer.
Rafael Eu e Beatriz nos entreolhamos, a incredulidade estampada em nossos rostos.— Como assim, Priscila? — perguntei, endireitando minha postura, já sentindo o coração acelerar.— Encontrei onde ela estava e resolvi aquele problema. — Ela deu um sorriso travesso. — Dei outra surra nela. Não uma simples briga, Rafael. Foi sério. Ela chorou, jurou que nunca mais vai chegar perto de você.Beatriz tentou manter a seriedade, mas eu notei a surpresa e talvez uma pontada de satisfação em seus olhos.— Priscila, isso... — comecei, mas ela não me deu tempo de continuar.De repente, ela largou as luvas no chão, caminhou até mim e, para minha surpresa, me abraçou com força. Foi um abraço inesperado, um gesto que parecia conter toda a intensidade que ela sempre esconde por trás de sua atitude despreocupada.— Rafael, você é minha família. — Sua voz estava embargada, carregada de emoção. — Eu nunca tive alguém que me protegesse de verdade, mas você me deu isso. Você e a Beatriz me deram isso. En
RafaelO silêncio da manhã é quebrado pelo som da risada de Giulia enquanto corre atrás de Rafinha no jardim. Olho para eles pela janela e uma onda de gratidão me invade. É surreal pensar que já se passou um ano desde que removi o tumor. Um ano desde que minha vida esteve por um fio. Hoje estou aqui, vivo, forte e mais completo do que jamais imaginei ser possível. Beatriz aparece ao meu lado, me abraça pela cintura e sorrimos juntos. Nossa família, que antes parecia um quebra-cabeça com peças perdidas, agora é uma obra completa e cheia de vida.Giulia já entende o passado, já sabe de quase tudo. E mesmo assim, me chama de pai com o mesmo carinho que chama Felipe. Ela se sente parte de todos nós, e o vínculo que criamos é algo que supera qualquer história mal resolvida. Sempre que Felipe e Vivian vêm com Pedro para nos visitar, a casa vira uma festa. Yasmin, que antes era tão reservada, agora corre atrás de todos como se sempre tivesse feito parte da pequena tropa que criamos. A última
Meses depoisBeatriz Estou inclinada sobre a bancada, anotando os últimos resultados, enquanto Rafael organiza os equipamentos com precisão quase militar. Trabalhar com ele é como dançar uma coreografia bem ensaiada, cada movimento sincronizado, cada gesto antecipado. Não trocamos muitas palavras, mas o silêncio entre nós é confortável, um reflexo da cumplicidade que construímos ao longo dos anos.A porta se abre, interrompendo o ritmo. Marlon e Antônio entram, carregando aquele ar de descontração que sempre trazem consigo.— Trouxeram problemas ou soluções? — pergunto, brincando, enquanto tiro as minhas luvas e as deixo sobre a bancada.— Depende de como você enxerga. — responde Marlon com um sorriso de canto. — Mas, para ser justo, talvez as duas coisas.Rafael ergue uma sobrancelha, mas mantém o foco nos papéis à sua frente.— Isso soa promissor — comenta ele, com o tom seco que me faz segurar um sorriso.— Promissor é o que vocês têm feito aqui — diz Antônio, puxando uma cadeira
MariaO clima no churrasco está perfeito. Risadas ecoam, o som de música embala todos e o cheirinho da carne na brasa mistura-se ao ar de alegria que toma conta de cada canto do quintal. Quando Tobias chega com Mia e o pequeno Willian, a energia já é contagiante. Não demora para que Mirna, Liam e Luana também entrem no clima, e, claro, Monica com seus filhos – Robert, Rodrigo e eu – completamos a festa.Enquanto a música toca, Lua, Luana, Robert, Rodrigo, Lucas e Priscila decidem criar uma “boate improvisada” na parte de trás do jardim, onde as luzes piscantes e uma caixa de som montada estrategicamente transformam o lugar em uma verdadeira pista de dança. Na verdade eles reverenciam a missão mais importante que já viveram. Eu, como sempre, não consigo resistir e vou dançar!– Vamos lá, Maria! – grita Lua, puxando-me pela mão para o meio da pista.A música aumenta, e logo estamos dançando sem preocupação. Cada movimento é uma celebração da vida, da família e das histórias que compar
LucianaA manhã começa com um burburinho típico da nossa casa, Lua e Andrey implicando um com o outro enquanto ajudam a organizar as coisas. André está na varanda, conferindo as bebidas, enquanto eu, com as mãos ocupadas em uma tigela de salada, tento impor alguma ordem no caos. Mas no fundo, adoro esse som de vida, de família. É incrível pensar como a vida nos trouxe até aqui, juntos, seguros, felizes. Só que uma sensação sutil de algo à espreita me faz olhar pela janela, como se houvesse algo mais além do horizonte claro deste dia.— Mãe, essa salada de quinoa é mesmo necessária? — Lua resmunga, cortando tomates com a destreza de alguém que claramente não gosta da tarefa. — As pessoas só querem carne e sobremesa em churrasco.— Salada é essencial, menina. Não é só sobre carne — respondo, rindo. — Além disso, a Fabrícia me pediu. E quando ela pede, você sabe que é sério.Andrey surge carregando um engradado de refrigerantes, com o rosto franzido.— Pai acha que isso é pouco. Tá q
BeatrizO som seco de um disparo ecoa pelo estande de tiro e me faz acelerar o passo. Recebo a mensagem de Ramiro dizendo que a aula vai começar em cinco minutos e sinto uma mistura de curiosidade e ansiedade. Hoje, o treinamento promete ser diferente. Quando entro no estande, vejo Priscila, Lua e Luana já preparadas, com seus equipamentos de proteção em ordem, e Ramiro ajeitando a mesa com as pistolas e munições. O ambiente é carregado de expectativa, como se algo especial estivesse prestes a acontecer.— Chegou atrasada, Beatriz! — brinca Ramiro, com um sorriso no rosto. — Espero que esteja pronta, porque hoje o treino vai ser intenso.— Sempre pronta — respondo, colocando meu protetor auricular e ajeitando os óculos de proteção. — Vamos ver do que somos capazes.Começamos revisando os fundamentos, empunhadura, postura, mira. Ramiro é implacável, corrigindo cada detalhe com a precisão de quem passou anos aperfeiçoando a sua própria técnica. Priscila é a primeira a acertar o alvo c
Último capítulo