Giovanna
Meu Deus, é possível sentir a maldade no seu sorriso tão perfeito. E embora nenhuma autoridade consiga provar, eu sei que existe muito sangue derramado em suas mãos. E com essa sua frieza, ele acertaria um tiro na minha cabeça sem qualquer remorso.
E tem o Dante Vescari. Na verdade, eu não sei muito sobre esse homem. A vida dele é como um cofre fechado a sete chaves e ainda com sete segredos. Tudo o que consegui descobrir sobre ele me diz que é um homem influente no mundo da política, além dos hotéis de luxo e dos cassinos que mantêm sobre o seu poder.
E falando em poder.
Soube que Dante tem uma coleção de homens poderosos comendo em sua mão. Contudo, ele também é amante da família e um protetor de ferro capaz de fazer qualquer coisa apenas para mantê-la segura. Mas, fora dos muros da mansão vescari a sua crueldade transcende qualquer vestígio de humanidade que existe dentro dele.
Merda, isso não será nada fácil! Penso e entorno a minha bebida toda de uma vez, fazendo uma careta no processo, depois, pego outro copo na sequência. No mesmo instante mais um membro de La Notte Rossa se junta eles, recebendo abraços fortes dos homens e beijos derretidos das mulheres.
Olhar penetrante e sorriso fácil. Penso, enquanto o observo atentamente. Uma mistura pecadora entre o rígido e a doçura masculina. Contudo, a minha inspeção é interrompida quando ele olha de repente na minha direção e imediatamente abaixo os meus olhos, fixando-os no copo em minhas mãos. No entanto, não resisto e volto a olhá-lo por baixo. Quem é você? Me pergunto quando percebo que não tenho informação alguma sobre ele. Bebo mais um gole da minha bebida, porém, me sinto agitada quando ele leva suas mãos às bases das colunas de duas belas garotas.
É isso, ele gosta dessa liberdade. Gosta do acesso livre e de estar entre elas. Essa é uma porta aberta para você, Giovanna. Penso quando o vejo sorri para uma delas de forma sugestiva e sedutora, e no ato, ele as beija. É possível ver a sua língua penetrar a boca de uma delas. Contudo, o seu olhar penetra no meu enquanto faz isso, e eu me sinto ferver de alguma maneira. O estranho sedutor se afasta das mulheres e na sequência, se aproxima do Dante. Os homens se abraçam fortes como dois ursos fortes, depois conversam como se fossem dois irmãos de sangue.
Dá para ver que Dante Vescari confia nele. E perceber isso, faz algo se passar pela minha cabeça.
É ele! Esse homem será um alvo perfeito.
— Anda, vem, vamos dançar! — Alba interpele, arrancando o copo quase intocado da minha mão e sou literalmente rebocada para o meio de uma pista circular, com alguns jogos de luzes coloridas, onde poucas pessoas se aventuram a dançar. — Então, vai me dizer o que está aprontando? — Ela questiona, mexendo-se na minha frente e mesmo a contragosto, começo a dançar com ela.
— Por que acha que estou aprontando alguma coisa? — ralho e faço um sinal para o garçom.
— Você não tira os olhos daquelas pessoas, Giovanna. — Ergo as sobrancelhas com desdém.
— Pessoas? — Dou uma de desentendida. — Que pessoas? — Alba revira os olhos.
— Qual é, Giovanna? — Ela retruca. Contudo, percebo o tal carinha se afastar do grupo e sair da antessala. Isso me inquieta e penso em uma maneira de me livrar da minha amiga pegajosa para encontrar um jeito de me aproximar dele agora.
— Me espere aqui! — falo de repente e me afasto dela no mesmo instante.
— O que?! Giovanna! — Alba retruca aturdida.
Pego o meu terceiro copo da noite e me misturo aos corpos suados, enquanto o procuro com os meus olhos para não chamar a atenção.
Droga, onde você está?
Rosno mentalmente, olhando para todos os lados a sua procura em um ato de desespero e frustrada, me viro para ir para a escadaria.
Ele só pode estar lá embaixo.
Penso, porém, paro abruptamente quando encontro um par de olhos acinzentados me encarando firmemente.
— Estava me procurando. — Um som extremamente calmo, porém, áspero passa pelos lábios carnudos e um tanto rígidos.
Balbucio, pensando no que dizer.
— Eu? — Arfo e me repreendo por isso. — Por que o estaria procurando? — Ele simula um sorriso safado, desenhando dois furos sexys em suas bochechas.
— Não sei. Me diga você. — Ele da dois passos na minha direção e receosa, recuo um pouco, sentindo a barra de proteção na base da minha coluna.
Prendo a respiração.
— Não pude deixar de notar que me observava enquanto eu beijava aquelas garotas.
Meu coração dispara errado.
— Eu... não estava...
— Gosta de observar? — Sua voz sussurrada perto demais do meu ouvido me causa sérios arrepios. — Ou gosta de ser observada? Eu não tenho problema nenhum com as duas opções.
Puta merda! Meu cérebro grita em êxtase. Contudo, o empurro para afastá-lo de mim.
— Eu preciso ir! — Dou um passo para sair, mas ele age rápido demais e logo que a sua mão segura no meu braço, o seu tronco está colado em minhas costas e a sua boca, perto demais da minha nuca.
Suspiro arrastado, buscando o ar que não vem.
— Por que você está aqui, menina? — Franzo as sobrancelhas sem entender esse seu questionamento.
— O que disse?
— Está na cara que você não pertence a esse meio. Então me responda, por que está aqui?
Engulo em seco.
— Este... meio? — inquiro aturdida. — Aqui é uma danceteria, certo? — Por algum motivo me sinto audaciosa agora. Portanto, ergo a minha cabeça para olhar dentro dos olhos selvagens. — As pessoas vêm a danceteria para se divertir. E que eu saiba este é um lugar público, não é? — Suas sobrancelhas se unem de modo rude.
— Eu vou perguntar mais uma vez. Por que. Você. Está. Aqui? — repete pausadamente e a sua voz agora parece gélida agora.
Pense rápido, Gio!
Pense rápido!
— Por... você.
O que?! Minha consciência berra.
— Como é que é?
— É que... eu te vi entrar na danceteria e... — Dou de ombros. — Sei lá. Você mexeu comigo. E, eu... precisava saber mais sobre você.
Merda, meu coração está enlouquecido agora!
Em resposta, o homem se agiganta diante de mim, chegando perto demais outra vez, de modo que preciso erguer mais o meu olhar para encarar o seu. E um sorriso malévolo se abre nos seus lábios finos.
— Já está tarde, garotinha. — Ele diz após inclinar-se na direção do meu ouvido. — Você não tem medo de lobos-maus, menina?
Mas, que porra!!! Meu cérebro grita quando essa pergunta cheia de maldade e de luxúria me faz queimar por dentro.
Fuja, Giovanna! Fuja! Um grito de alerta ecoa dentro da minha cabeça. Fuja enquanto é tempo!