Ponto de vista: Rafaella Ferraro
A manhã chegou com um peso estranho no estômago. Rafaella despertou com o gosto amargo da bile na garganta e correu para o banheiro, segurando o cabelo com uma mão enquanto a outra se apoiava no mármore gelado da pia. O enjoo era mais forte do que qualquer outro que tivesse sentido nos últimos tempos — mais intenso que o nervosismo antes das reuniões, mais pesado que a ansiedade depois dos atentados.
Sentou-se no chão frio, ofegante, tentando entender o que seu corpo queria lhe dizer. Pegou o celular sobre a pia e abriu o aplicativo que monitorava seu ciclo. Seus olhos se arregalaram. A menstruação estava atrasada. Muito mais do que ela havia percebido. Com toda a turbulência dos últimos dias, com a morte de dona Giulia, os ataques e a tensão constante, ela não tinha nem lembrado desse detalhe. Mas agora, com os sintomas evidentes e o atraso, não havia como ignorar.
O coração disparou.
"Não agora, não com uma guerra à porta," pensou, levando a mão ao v