A escuridão não veio como eu esperava.
Não foi silêncio.
Não foi o fim.
Foi um intervalo.
Um espaço entre mundos.
Um lugar onde a respiração não existia, mas a consciência queimava em brasa.
Eu sabia que estava caída no chão, ou talvez suspensa em vazio.
Sabia que havia sangue no templo, poeira, pedras ruindo, gritos distantes.
Sabia que Danilo ainda me segurava, chamando meu nome como se pudesse costurar as bordas rasgadas da minha alma.
Mas, naquele instante, eu estava em outro lugar.
Um campo inteiro feito de luz roxa.
Movimento sem vento.
Som sem origem.
Um pulsar ritmado que parecia acompanhar o bater do meu coração… um coração que eu tinha certeza de ter entregue.
A lua surgiu acima de mim.
Imensa.
Infinita.
Prateada, mas atravessada por veios de roxo profundo, como amethistas líquidas correndo por sua superfície.
Ela falava sem palavras, apenas sensação.
E, de algum modo, eu entendi.
Eu ainda não estava morta.
Eu estava despertando.
Senti algo dentro de mim se abrir com violênc