Depois de perder sua mãe, Clarice retorna para sua cidade natal e abre uma floricultura, seu sonho de infância. No dia da inauguração, três homens visitam o local e Clarice reconhece um deles de sua infância. O filho de Doran Bankov, Clarck, herdeiro da única indústria da pequena cidade, misterioso fechado e, acima de tudo, extremamente charmoso. Clarice sequer espera que ele a perceba ali ou que a reconheça, mas o que ela não sabe é que Bankov a viu, ou melhor, sentiu seu doce aroma de rosas, no instante em que saiu do seu carro, então ele percebeu que a garota por quem ele era perdidamente apaixonado na sua adolescência havia retornado a cidade. Sua companheira predestinada. Mas será que Clarice irá aceitar o segredo que ele esconde? Ou tentará escapar das garras desse amor?
Leer más“Mãe… Mãe, por favor! Acorda, mãe!”
Clarice abriu os olhos, apoiando a mão no peito, ofegante. O quarto ainda estava escuro, uma leve luz entrava pelas cortinas, a luz prateada da lua cheia. A madrugada ia alta e ela deveria estar descansando para pegar seu voo para Pinewood cedo no dia seguinte, mas fazia muito tempo que não conseguia dormir bem. Ela se levantou, os pés descalços tocando o chão frio. Suas cisas já estavam encaixotadas, não pretendia levar muito para sua nova “antiga” casa, apenas o essencial. A única coisa que ainda estava fora das poucas caixas era o porta-retrato que estava repousando ao lado do seu travesseiro. Uma foto da sua mãe, Elaina. As memórias do acidente que havia acontecido há somente um mês a assombravam todos os dias, e a culpa também. As últimas palavras de sua mãe para ela ainda estavam martelando em sua cabeça, ela jamais esqueceria e jamais deixaria de se culpar, afinal, Clarice quem estava na direção, ela quem perdeu o controle do carro. Clarice engoliu dois comprimidos, sem água mesmo, e voltou para a cama, abraçando o porta-retrato e fechando os olhos, imaginando sua mãe ali, os braços dela ao seu redor. Só depois de quase duas horas, ela adormeceu.***
O voo até Lakecity foi mais demorado do que ela imaginou que seria, e ela ainda
precisaria pegar um ônibus já que Pinewood não tinha aeroporto. No caminho, Clarice descobriu que o nome do senhor era Jorge, e soube ainda que ele conhecia sua mãe desde que ela era uma pré-adolescente. Jorge ficou sentido pela notícia do falecimento de Elaina e afirmou que ele e sua esposa estariam disponíveis para ajudá-la na adaptação, já que a casa onde Clarice ficaria era bem afastada da zona principal da cidade.— Aqui é bem deserto, mas também é bem tranquilo, eu e minha esposa moramos há alguns quilômetros daqui, acho que umas meia hora — Jorge falou, abrindo a porta e descendo do carro, seguindo para a porta do fundo e abrindo-a, pegando a mala da moca. — O sinal de celular não é tão bom, mas você pode ligar que a gente atende, se aconhecer alguma coisa a Dorinha e eu vamos vir bem rápido, tá bom?
— Não se preocupe comigo, tá tudo bem! — ela garantiu, segurando a mala pesada e olhando para a casa da sua infância. — Estou acostumada com essa casinha.
— Claro, claro… Só quero que você saiba mesmo, sua mãe era uma boa amiga minha, então… Vou te ajudar em tudo o que eu puder!
— Obrigada, Jorge — a ruiva agradeceu, com um sorriso de orelha a orelha.
Gostava da gentileza de Pinewood, era sua coisa favorita na cidade.
Depois disso, o senhor entrou em seu carro e seguiu a estrada, sumindo de vista, então, finalmente, Clarice pode caminhar até a casa.
Uma pequena cerca com um portãozinho, tudo de madeira, dividia o terreno. A cerca, outrora branca, estava desbotada e com certeza ela iria dar uma boa pintura nela. A casa ficava na parte inicial de um grande terreno que fazia divisa com a densa floresta que cercava os dois lados da estrada, então, assim que passou pelo portão, Clarice se viu numa pequena campina de grama alta e, aos fundos, a floresta imponente que a cercava.
Ela tirou a chave do bolso e a colocou na fechadura, abrindo a porta com um pouco de esforço, parecia um pouco emperrada depois de tanto tempo fechada, então entrou, deixando a mala de lado e suspirando.
Os móveis ainda estavam como elas haviam deixado há mais de dez anos, cobertos por panos brancos, tinha muita poeira e, definitivamente, precisava de uma faxina.
Mas estava em casa novamente e, principalmente, mais perto de sua mãe do que nunca agora.
Tinha um lar, e esperava que sua vida começasse a melhorar a partir dali.
— Socorro! — implorou Edla, a voz agora mais fraca, quase um sussurro perdido na imensidão da noite. Tentou se debater, mas cada movimento era contido pela força brutal do monstro. A pressão das garras, o peso do corpo, a sensação de estar sendo tragada para um abismo sem retorno, tudo a deixava à beira da rendição.A respiração tornou-se cada vez mais curta, o medo transformando-se em uma paralisia que ameaçava roubar-lhe a última faísca de esperança. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, misturando-se à sujeira da floresta, e cada lágrima era como um adeus silencioso a um futuro que agora parecia incerto e sombrio. Ela sentia o cheiro de sua própria vulnerabilidade, o gosto amargo da derrota iminente, e em meio a tudo isso, um pensamento persistente: ela não queria morrer ali, sem respostas, sem ao menos um último suspiro de liberdade.Tinha certeza de que iria morrer."Caleb… Me ajude por favor!", ela chamou mais uma vez, implorando para que seu irmão ouvisse o link mental e viesse s
15 anos depoisA noite se fazia silenciosa e enigmática, com um céu sem lua, mas salpicado de incontáveis estrelas que, como pequenas lanternas, iluminavam a mata com um brilho tênue. Edla, aos 23 anos, corria pelas trilhas do bosque com uma determinação que misturava liberdade e um sentimento inexplicável de inquietude. Seus longos cabelos negros esvoaçavam a cada passo, e seu olhar, carregado de memórias e segredos, refletia a intensidade de uma alma que já havia vivido demais. Filha adotiva de Clarice, ela sempre fora parte de algo maior: a alcateia Garra Sangrenta. Porém, naquela noite, seu destino parecia conduzi-la para fora dos limites seguros que sempre a protegiam.Edla tinha o hábito de sair para correr longe do olhar atento de seu pai e das regras rígidas da alcateia. Sempre corria na forma de sua loba, Serenity, que se movia com velocidade. Pelo tamanho, ersa uma loba menor que o normal, era muito rápida e correr era como voar para ela. A conexão entre elas era profunda; S
Enquanto a festa seguia, Clarice subiu até um dos terraços que margeava o salão, de onde podia ver toda a clareira iluminada pela luz suave da lua. O ar fresco da noite a envolvia, e naquele instante ela se permitiu respirar fundo, sentindo cada emoção percorrer seu corpo. Foi então que seus olhos se depararam novamente com a figura de Sidônia, a deusa da umbra, que observava de longe, sobre um manto de sombras e luz.Sidônia parecia abençoar o evento com um olhar que misturava ternura e a firme certeza de que aquela união era apenas o começo de algo muito maior. Em seu semblante sereno, havia a promessa de que as histórias que se entrelaçavam naquele dia se transformariam em lendas, em memórias que atravessariam gerações.Com o coração em festa, Clarice murmurou para si mesma: — Que assim seja, que o amor nos guie e que cada nova história seja escrita com a tinta da esperança.Ao retornar para o salão, ela encontrou Sarah e Loren que a aguardavam com sorrisos amplos. As três se abraç
Eiden, com a voz trêmula, mas decidida, completou: — Eu prometo cuidar de ti e proteger-te com todas as forças que me restam. Hoje, deixo para trás as sombras que me atormentavam e abraço, com toda a sinceridade, o amor que você me oferece. Que juntos possamos construir um caminho repleto de luz e esperança.As declarações foram acompanhadas de aplausos emocionados dos presentes. O altar se encheu de uma aura mágica, como se a própria natureza respondesse ao amor que ali se celebrava. Enquanto os votos eram selados com beijos ternos e sorrisos compartilhados, Clarice, que assistia a tudo com os olhos marejados, mal conseguia conter a felicidade. Para ela, ver Sarah e Loren unindo-se de forma tão profunda significava não só a concretização de um sonho, mas o início de uma nova família, uma família que, de tão unida, ultrapassava os laços de sangue e se transformava em puro amor.Após a cerimônia, os convidados foram conduzidos para a área do banquete. As mesas foram decoradas com simpl
A manhã se levantava com um sol dourado e suave, banhando a clareira onde a matilha Garra Sangrenta se preparava para celebrar um dia que ficaria marcado para sempre na memória de todos. Depois de tantos desafios, lutas e rituais, os membros agora encontravam forças para sorrir. Hoje, a festa não era apenas uma comemoração de vitórias, mas o anúncio de novos laços e de um futuro promissor.Dois casamentos seriam celebrados naquele dia. Ao longe, o som alegre de risos e conversas misturava-se aos uivos que a natureza, como se quisesse participar da festa, entoava em harmonia. A decoração era primorosa, arranjos florais cuidadosamente dispostos, luzes cintilantes penduradas nas árvores e um tapete de pétalas que guiava os convidados até o altar improvisado em meio à natureza.No centro de toda essa celebração, duas uniões que se entrelaçavam com laços de sangue e afeto. Sarah, que se preparava para unir sua vida a de Gael, e Loren, que, com os olhos brilhando de emoção, aguardava o mome
Ambos se afastaram por um breve instante, rindo da coincidência quase cômica. O clima que antes era de uma paixão quase palpável se transformou num misto de ternura e diversão. Clarck segurou a taça de vinho ainda na mão e, com um sorriso maroto, disse:— Parece que o nosso pequeno já quer participar dessa dança também!Clarice, ainda rindo, respondeu:— Acho que Caleb tem meu senso de humor. Ele não podia escolher um momento melhor para nos lembrar que a família é o que realmente importa.Quando os risos diminuíram e a sensação de intimidade voltou a envolver o ambiente, os dois se prepararam para subir e conferir o que o bebê estaria aprontando. No entanto, antes que pudessem dar o primeiro passo, uma voz doce e animada ecoou pela escada.— Mamãe, papai, Caleb está chamando! — exclamou Edla, aparecendo na escada com um sorriso radiante no rosto, como se sempre soubesse a hora exata de reunir a família.Sem hesitar, Clarck, Clarice e Edla se dirigiram juntos ao quarto de Caleb. A con
Último capítulo