O templo tremia como se respirasse.
O chão vibrava, as colunas rangiam, e o luar vermelho se derramava através das frestas do teto como sangue líquido, pintando tudo com um brilho sobrenatural.
Eu ainda sentia o calor da explosão que libertou minhas correntes.
Mas a liberdade veio tarde demais.
Danilo estava no chão.
Caído, ensanguentado, lutando para manter os olhos abertos.
E eu… eu não conseguia me mover.
O poder recém-desperto corria pelo meu corpo como uma corrente elétrica selvagem, queimando cada músculo, cada costela, cada respiração. A Primeira Luna acordava dentro de mim, mas me despedaçava ao mesmo tempo.
Quis correr até ele.
Quis tocá-lo.
Quis tirar o sangue do rosto dele com as mãos, dizer que tinha chegado, que ia ser diferente, que nada mais ia nos separar.
Mas bastou um passo para entender.
Eu não podia chegar perto.
O chão rachou entre nós, como se o mundo gritasse que estávamos em lados opostos de uma escolha.
Luzes, como fios de teia prateada, surgiram ao meu redor.