O som do vento cortava a tenda como lâmina.
O ar estava pesado, saturado pelo cheiro de fumaça, suor e medo.
Quando atravessei a entrada, senti o olhar de todos pousando sobre mim — como se minha presença fosse uma afronta, como se o simples fato de estar ali fosse uma ameaça à ordem que eles tentavam preservar.
O conselho estava reunido em círculo, os anciãos sentados sobre troncos escurecidos pelo tempo.
Cada um trazia uma cicatriz diferente, marcas que contavam batalhas travadas há décadas.
E ali, no centro, acorrentado, estava ele.
Danilo.
O corpo curvado, a pele pálida pela perda de sangue, o olhar ainda queimando em dourado.
Mesmo ferido, ainda tinha o mesmo ar que sempre teve, o de um homem que nasceu para mandar, mesmo quando o mundo tenta fazê-lo ajoelhar.
Mas agora ele estava de joelhos, o ferro das correntes refletindo o brilho da lua que entrava pela abertura superior da tenda.
Rafael estava ao lado dos anciãos, o semblante sereno demais para quem acabara de trair.
As mão