O dia nasceu frio, com um vento que parecia arranhar a pele.
O fogo na caverna já era só cinza, e o cheiro de fumaça ainda grudava nas roupas, misturado ao de terra úmida e sangue seco.
A luz filtrava-se pelas fendas da pedra, revelando poeira no ar — cada partícula parecia dançar preguiçosa, sem saber que o mundo lá fora estava à beira de mais uma guerra.
Danilo ainda dormia, deitado ao meu lado, o braço pesado em volta da minha cintura, o rosto calmo de um homem que esqueceu o que é ser alfa.
Observei por alguns segundos, tentando gravar aquele silêncio, como se pudesse guardá-lo para quando o caos voltasse.
E ele sempre voltava.
Passei os dedos por sobre a cicatriz no peito dele.
Era antiga, grossa, uma lembrança de outra batalha, outro erro.
A loba dentro de mim suspirou, inquieta.
Ele não pertence à paz. Nenhum de nós pertence.
Levantei-me devagar, com o corpo dolorido, cada músculo lembrando as horas em que o abracei na noite anterior.
Ainda sentia o calor da pele dele, a lembra